Jan ou Johannes Vermeer, O astrônomo, óleo sobre tela, 51x45cm, 1668. Conservada no Museu do Louvre, Paris, França.
O astrônomo, ou melhor, O astrólogo, como aponta o site do Museu do Louvre, já que na época os dois campos de estudo misturavam-se, mostra um homem concentrado em seu estudo com um globo, identificado como aquele de Jodocus Hondius, um livro de astronomia e geografia que seria o de Adriaensz Metius, um astrolábio e um compasso, condizentes com as descobertas científicas mais recentes na época, escolhidos por seu significado e contribuição para composição e representados de maneira realista. Ao fundo, à direita, há uma pintura que foi discernida como Moisés salvo das águas, de Peter Lely, levantando assim um possível paralelo entre Moisés e o astrônomo/astrólogo como figuras que trazem esclarecimento. Assim, a obra não é somente a representação de um astrônomo, ou astrólogo, talvez Antonie van Leeuwenhoek, naturalista de Delft, a mesma cidade em que vivia Vermeer, em seu momento de trabalho, mas uma imagem alegórica da própria busca pelo conhecimento.
Ao fundo, na porta do armário, há a assinatura do artista, IV Meer, e o ano 1688 em números romanos. Apesar da inscrição pode ter sido adicionada posteriormente, a obra data sem dúvida dessa época.
A composição mostrando um ou mais personagens próximos a uma janela à esquerda, da qual provém a iluminação da cena, resultando em um jogo de luz e sombras, é típica do artista. Esse canto, representado frequentemente, ora mais perto, ora mais longe, era provavelmente uma parte do atelier do artista, que ali montava o cenário para algumas de suas pinturas.
É ainda interessante notar que na maior parte das obras de Vermeer são representadas mulheres em momentos íntimos e cotidianos, tais como Mulher com colar de pérolas ou A leiteira, ou ainda composições também cotidianas e tradicionais do período, que colocam em cena mulheres e homens, sendo O astrônomo e O geógrafo suas duas únicas pinturas conhecidas figurando somente homens. Inclusive, já foi levantada a hipótese de que essas duas obras seriam o pendente uma da outra, ou seja, criadas como complementares. Entretanto, essa ideia perde sua validade quanto se nota que O geógrafo é ligeiramente maior do que O astrônomo, além de se tratar de um tipo de composição, mostrando um sábio em seu momento de estudo, bastante comum na época.
Jan ou Johannes Vermeer, A leiteira, óleo sobre tela, 46x41cm, 1657-1658. Conservada no Rijksmuseum, em Amsterdã, Países Baixos.
Jan ou Johannes Vermeer, Mulher com colar de pérolas, óleo sobre tela, 65x45cm, 1664. Conservada no Gemäldegalerie, em Berlim, Alemanha. Leia sobre a obra aqui.
Jan ou Johannes Vermeer, O geógrafo, óleo sobre tela, 53×46,6cm, 1668-1669. Conservada no Städelsches Kunstinstitut, em Frankfurt, Alemanha.
Bibliografia:
Luca BACHECHI, Emanuele CASTELLANI, Francesca CURTI, Les chefs-d’oeuvre du Musée du Louvre, Paris, Place des Victoires, 2009, p. 240-245.
Stéphanie KOENIG, “L’Astronome” in Louvre, [Online]. Consultado em 30/07/2018.
https://www.louvre.fr/oeuvre-notices/l-astronome?selection=44831
Tzvetan TODOROV, Éloge du quotidien: Essai sur la peinture hollandaise du XVIIe siècle, Paris, Éditions du Seuil, 1997.
Fonte das imagens:
Wikipédia.
É difícil explicar em palavras o que sinto diante de obras de arte tão bonitas. As suas palavras abrilhantam ainda mais essas maravilhas.
Abraço.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Muito obrigada! 😀
CurtirCurtido por 1 pessoa