A ‘Ballon Dog’ destruída de Jeff Koons e a validade da ‘terceirização’ da produção na arte

Durante a abertura da feira de arte contemporânea Art Wynwood, em Miami, no último dia 16, uma escultura do artista Jeff Koons, de U$ 42.000,00, foi acidentalmente derrubada de seu pedestal após uma senhora colecionadora a tocar.

O espaço da galeria Bel-Air Fine Art simplesmente parou por alguns minutos quando todas as atenções se viraram para a peça em pedaços sobre o chão.

A coleção de 799 peças (agora 798) é uma edição limitada das icônicas esculturas coloridas Ballon Dog, na qual o artista representa cachorros feitos de bexigas, aquelas que você ganhava nas festas infantis.

Há quem diga que os colecionadores devem estar muito felizes, pois além de uma peça a menos na edição, o alvoroço causado pelo acontecido chama atenção para as demais peças.

Mesmo em estilhaços, a obra teve compradores interessados no mesmo momento do acidente, alegando que se trata de uma peça com uma história muito legal. Vale pensarmos, também, que pelo fato de se tornar algo único, a peça pode deixar de ser parte de uma coleção e se tornar uma obra bastante valiosa, ainda mais depois de todos os comentários feitos pela mídia.

Mas o que quero trazer nesse texto não é sobre o acontecido em Miami.

Nos últimos dias enquanto navegava pela internet fiquei sabendo sobre o ocorrido e o que me chamou atenção foram quantas pessoas fizeram piada sobre o caso ou até mesmo agradeceram a senhora responsável pela ruína da escultura.

Como admiradora de arte e história, acho que nada deva ser destruído, pois cada peça de arte tem sua missão de nos dizer algo. Mas o fato de muitos terem comemorado o fato se deve ao polêmico modo como Jeff Koons realiza suas obras.

O artista estadunidense contemporâneo, responsável pela obra mais cara de um artista vivo, costuma terceirizar a produção suas artes.

Para mim, não especialista, que tem todo seu conhecimento em arte através das feiras e museus que visito, Jeff é mais um idealizador do que de fato um artista. Sua produção em massa tirou todo o conceito de arte que as peças poderiam ter se fossem feitas de outra maneira.

O que diferencia um trabalho como esse daqueles nos quais o artista realmente produziu a obra, aos meus olhos, é que quando o artista tem contato direto com aquilo que está fazendo, a arte ganha vida, e é essencial a arte ser viva. O compromisso de passar algo ao espectador e levar para outros períodos da história a forma como o mundo era encarado no nosso tempo, não pode ser feito de forma tão banal; é preciso que o artista deixe sua alma naquele trabalho, se não, de nada vale o conceito ‘arte’.

Fontes das imagens:

https://www.artforum.com/news/collector-accidentally-smashes-42k-jeff-koons-balloon-dog-at-miami-art-fair-90145

https://hypebeast.com/2023/2/jeff-koons-balloon-dog-sculpture-broken-visitor-art-wynwood-miami

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Um comentário sobre “A ‘Ballon Dog’ destruída de Jeff Koons e a validade da ‘terceirização’ da produção na arte

  1. A cada caso uma reflexão apropriada… “é preciso que o artista deixe sua alma naquele trabalho, se não, de nada vale o conceito ‘arte’.”” Imagine Christo (Christo Vladimirov Javacheff) realizando suas obras segundo o seu comentário.

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