A escrita é um fenômeno que ocorre entre o autor e ele mesmo. O processo de redigir um texto requer a atenção do indivíduo para consigo próprio. O ato de escrever clama que a pessoa se enclausure, distanciando-se do ambiente em que se situa para se estabelecer momentaneamente num mundo até então inabitado. O local para o qual se transporta pode ou não ser inóspito – seja como for, o autor estará só. É ele e ele mesmo. Se precisar de ajuda, o socorro somente poderá ser dado por aquele que pede.
Há várias formas de se proceder o ato da escrita. Alguns necessitam de certos rituais para que o processo corra bem. Outros precisam apenas do ambiente adequado. Há também quem não se importe com o que ocorre a sua volta, pois independente das circunstâncias que o rondam, a atenção voltada exclusivamente ao texto é conseguida. Qualquer seja o caso de como se realize a escrita, o ato de escrever é algo íntimo que pertence apenas ao autor e ao seu texto.
Pode ser que algumas ou várias ideias sejam externas – do tipo sugestões de amigos, por exemplo. Pode ser também que mesmo durante o processo de escrita, o autor esteja dialogando com alguém que o auxilie nesse processo. Há também o caso de textos que contam com mais de um autor, exigindo o diálogo entre esses para que a uniformidade e coesão da escrita sejam mantidas. Ainda assim, nessas ou em qualquer outra situação na qual as ideias não surjam necessariamente da mente do autor, o ato de escrever somente a ele pertence.
A escrita requer atenção. Requer paciência. Requer compreensão – incluindo aqui tanto a compreensão do próprio autor sobre aquilo que está fazendo (por mais que não compreenda exatamente o porquê daquilo), como a dos indivíduos que lhes são próximos. Por exemplo, amigos e familiares devem compreender que aquele momento de escrita do autor somente a ele pertence. O tempo é algo que a escrita consome. Preenche-se o tempo com a escrita – e para além do texto, há espaço apenas para o autor.
Não há como substituir o autor do texto. A não ser em caso de engodo, de ludibrio, de farsa, o autor pertence ao texto – assim como o texto pertence ao autor. Nesse sentido, a solidão pode se fazer presente de várias formas – em maiores ou menos níveis. Seja qual for o grau de intensidade, a solidão é algo inerente do processo de escrita.
É por isso que se diz, e aqui se defende, que escrever é um ato solitário!
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Para mim o ato de escrever… como para o geral dos seres, é bem intrínseco, embora os fatores sejam externos. O que nos motiva, é um sem números de objetivos: esses são bem umbilicais… estão a ver com o instinto de conservação por parte do indivíduo. Para mim em particular:é aprendizado, avaliação, sentir-se na época presente… difícil, se vimos de outras eras, é aterrizar em novas atitudes….
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Caríssimo,
todos os actos de arte são solitários… até serem publicamente apresentados. Não é apanágio somente da escrita. A partir da publicação de um texto o isolamento desaparece até porque, como alguém disse quando se lê algo passamos a fazer parte desse espaço (leia-se texto).
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