Acaso se lê apenas o objeto principal do rótulo? Qual a razão de o produto conter diversas informações e especificidades se o consumidor se satisfaz apenas com a leitura do título do rótulo? Veja bem, em algumas vezes eventual equívoco poderia ser sanado com a leitura completa ao menos do próprio rótulo, só que na íntegra. São produtos e produtos, você poderia dizer. Pois bem, mas estamos falando de novidades, lançamentos e coisas inéditas. É algo exclusivo e único. Nunca antes foi visto. É a primeira divulgação da coisa. A leitura do corpo e da alma se faz necessária.
Qual a razão de um material ser único, trabalhado de forma específica, se o destinatário se dará por satisfeito com a leitura unicamente do objeto de destaque? Forma, corpo, título, nome e imagem servem apenas para especificar o objeto. Muitas vezes o sentido suposto dado ao título é diverso do seu conteúdo, sendo necessária uma leitura completa. “Abaixo a superficialidade” – seria o caso de dizer? Tratar-se-ia de uma espécie de leitura rasa da coisa? O avançar até o nível mais profundo é necessário em muitos produtos, sejam parcos e singelos, sejam densos e complexos.
A preguiça não é um fator justificante. Pelo menos não deveria o ser. Se for, que seja o joio separado do trigo. Menção honrosa apenas para quem merece. O esforço merece aplauso mesmo quando a compreensão não é atingida, já que a incapacidade de alcance do todo pode se dar por vários motivos: o todo, a depender do que está se tratando, é impossível de ser atingido; a leitura foi desatenta; o tema é complexo e exige releituras e reflexão; o conteúdo não foi bem exposto. Seja qual for o resultado, compreensão ou incompreensão, só será digna se ocorrer após a análise do corpo por completo. Sem superficialidades!
Por que dos aficionados que assim se dizem quando não avançam do título? Qual a razão de assim agirem? Aparência? Ora, o engodo é evidente, sendo perceptível para quem compreendeu o objeto analisado – e tal compreensão, como já dito, só se faz possível após a análise do todo. Só é enganado quem também não compreendeu. Para os demais, muitas vezes a vergonha alheia.
Poupemos todos das aparências por vaidade. Embuste nefasto. Só engole quem aceita ser enganado. A lógica trata da estrutura, de modo que o conteúdo merece ser observado. O silogismo cativa, mas requer atenção. Um argumento lógico não necessariamente é verdadeiro. Há de se cuidar para evitar armadilhas. Atenção sempre redobrada. Refletir, ponderar, observar e estudar nunca é demais.
Não paremos no aparente. Que se esmiúce o rótulo e o conteúdo. Avancemos – para além do título!
Por outro lado…
Pode ser pretensioso. Pode ser descuidado. Pode ser ardiloso. Pode ser objetivo. Pode ser singelo. Pode ser complexo. Pode ser ingênuo. Pode ser franco. Pode ser inteligente. Pode ser maquiado.
O corpo, em seu nível estrutural concreto, pode se apresentar de diversas formas. O conteúdo estará em seu interior, sendo necessário conhecê-lo por completo a fim de que se possa compreender a integralidade do objeto, conforme acima manifestado neste sentido. Mas nem por isso o título deixa de ser significativo. A casca também diz algo sobre o todo, mesmo que superficialmente. A roupagem da ideia estará ali exposta, indicando o que se trata, podendo adotar diversas formas indicativas neste sentido, conforme mencionado no início desse escrito. O alerta se dá quando o sujeito busca absorver o conteúdo com a simples análise do corpo externo. É quando a luz vermelha se acende. Ir para além do título é necessário.
O corpo externo não define o conteúdo, principalmente quando sua aparência se pautar em formas como a descuidada ou ardilosa, mas pode apresentar traços indicativos daquilo que lhe preenche. Uma pista, ou uma armadilha. Seja como for, o título intenta chamar a atenção do sujeito, a fim de que sua substância possa ser analisada e, se lograr êxito, compreendida.
Considerando essa breve exposição, tem-se que o arquiteto que constrói determinado corpo pode estabelecer sua aparência externa de diversas formas. Se for um projetista zeloso, cuidará para evitar as formas descuidadas, ingênuas e maquiadas. Não se trata de um rol taxativo o aqui exposto, mas sim meramente exemplificativo. Assim, se o intuito é arrebatar a atenção do sujeito e despertar sua curiosidade, o corpo deverá ser talhado de maneira cuidada. Alguns preferem passar essa responsabilidade para terceiros, estes que seriam mais habilidosos no trato com a aparência externa. Nenhum tipo de fraude em tal agir, já que a atenção principal deve se dar para com o conteúdo. A externalidade pode ser tratada por outrem. Problema nisso não há.
O livro não deve ser julgado pela capa. Mas também é ingenuidade acreditar que a aparência externa não influencia o sujeito.
O ponto é sempre ter cautela. O zelo deve estar constantemente presente. O avançar para além do título é obrigação, caso o sujeito não se conforme com a superficialidade. No entanto, também é necessário que o responsável pela construção do corpo e seu conteúdo cuide e apare as pontas da roupagem que o envolve. Imagem não é tudo, mas auxilia na divulgação da coisa.
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