Publicado pela primeira vez em 2007, A chave de casa, de Tatiana Salem Levy, conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura 2008, na categoria “melhor livro de autor estreante” e foi finalista do Prêmio Jabuti no mesmo ano.
A narradora-protagonista revela de maneira fragmentária ao longo da obra, uma série de eventos traumáticos que fazem parte de sua vida, por meio de relatos ouvidos desde a infância, entre eles o período em que sua mãe esteve presa durante a Ditadura Militar no Brasil, bem como a imigração do avô, que deixara sua terra natal, a Turquia, após envolver-se afetivamente com uma jovem de situação financeira melhor do que a sua. Da mesma forma, a protagonista relata traumas pessoais, como o relacionamento tumultuado em que fora vítima de agressões físicas e de abuso sexual por parte do companheiro e da dor sofrida pela morte da mãe.
Descendente de judeus turcos, Tatiana Salem Levy nasceu em Lisboa, em 24 de janeiro de 1979, durante o período em que a família estava exilada em Portugal, devido às perseguições políticas ocorridas durante a Ditadura Militar. Nove meses após o nascimento de Tatiana, a família voltou para o Brasil, beneficiada pela Lei da Anistia brasileira. Abaixo, temos excertos do romance:
Nenhuma palavra dói mais do que a ausência de palavra. Você não é tolo e sabia muito bem disso. Você me impunha um silêncio devastador. Sumia, não dava notícias, fazia de propósito, queria me ver chegar perto da morte, paralisada, sem forças (LEVY, 2007, p. 139).
Quando o rabino se aproximou com a tesoura, apontei o dedo para o coração e disse: aqui. Eu deveria, em memória do defunto, usar a blusa preta, um corte do lado esquerdo, durante sete dias. E depois jogá-la ao mar. Não sei se por medo ou fadiga, carrego ainda hoje a blusa em meu corpo (LEVY, 2007, p. 124).
Quando eu nasci, meus pais me olharam e desde então souberam que eu era a tristeza e a solidão. Que depois de mim não haveria nada, porque depois da tristeza e da solidão não há nada. Desde pequena, quando alguém me olha, vejo o medo lhe tomar o rosto. Porque desde que vim ao mundo sou velha e carrego a morte estampada nos olhos (SALÉM LEVY, 2007, p.106).
Entre as principais obras da autora, que é graduada em Letras pela UFRJ (1999), mestra em Estudos Literários (2002), pela PUC-Rio e doutora pela PUC-Rio (2007), se destacam: A experiência do fora: Blanchot, Foucault e Deleuze (2003), A Chave de Casa (2007), Dois rios (2011), Tanto Mar (2013), Paraíso (2014) e O Mundo não vai acabar (2017).
Referência:
LEVY, Tatiana S. A chave de casa. Rio de Janeiro: Record, 2009.
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