Em muitos livros estão presentes algumas breves (ou não tão breves) notas sobre o seu autor. A forma com a qual essas notas são feitas, varia de edição para edição, de editora para editora. Algumas vezes elas nem mesmo existem, mas na maioria dos livros há ao menos uma notinha singela falando alguma coisa ou outra sobre o seu autor.
Destaco aqui a importância de se conhecer o autor daquela obra que é lida, ou ao menos o contexto na qual se situou a sua elaboração. Não que seja necessário, sempre, um conhecimento profundo sobre os fatores exógenos de uma obra literária. Porém, algumas apenas podem ser efetivamente compreendidas (em todas as suas nuances) a partir do momento em que o leitor conhece algo para além daquilo que está ali escrito. As notas sobre os autores presentes em algumas obras contribuem para esse aperfeiçoamento, o qual visa uma maior compreensão e aproveitamento daquilo que será ou está sendo lido.
Não que a obra deva ser lida como fosse o próprio autor, pois essa mistura acaba impedindo que alguns avanços sejam feitos – o que não significa que o autor inexista presente em seu próprio trabalho. Vejo muitas vezes como dificultosa essa separação necessária que deve ser feita. Mas também não é nada impossível. Pelo bom senso, ou até mesmo pela moderação, é possível vislumbrar a presença de algo do autor em seus escritos literários, mas não a ponto de confundir uma coisa com a outra. Um exemplo concreto para tentar ilustrar o que aqui digo: o envolvimento de Heidegger com o nazismo não deve(ria) ensejar em preconceito para com a sua produção filosófica. Caso ocorra essa mistura autor-obra num nível imoderado, pode acabar ocorrendo uma confusão de que o autor se faz presente sempre de maneira completa em sua produção escrita.
No entanto, também não pode dizer que o autor está totalmente desvinculado de suas obras. Há sempre uma parte do escritor que se insere no texto – uma parte de si mesmo, um rastro de sua alma, um lampejo de sua existência enquanto ser.
É nesse ponto que ressalto a importância de se conhecer o contexto no qual a obra foi escrita. Conhecendo um pouco sobre a vida do autor, muitas vezes é possível compreender melhor o romance, por exemplo, por ele criado. Sabendo o que costuma escrever e as bases motivadoras que determinada escritora utiliza em seu processo de escrito, é possível muitas vezes antever o ambiente em que o enredo de um próximo livro de sua autoria se situará.
De igual modo ocorre quando o leitor se informa sobre o período e local em que determinado livro foi escrito. Há uma compreensão maior das mensagens transmitidas por Victor Hugo em “Os Miseráveis”, por exemplo, quando se leva em conta que esse famoso romance do escritor francês foi escrito na metade do século XIX – produzido e com o enredo que também se passa na França. Assim considerando, o leitor consegue captar muito mais daquilo que é dito na obra do que no caso de uma leitura despreocupada para com tais detalhes.
Não digo aqui que é necessário conhecer a biografia detalhada de todo e qualquer autor do qual se pretenda ler uma obra. Em algumas situações isso acaba até sendo fundamental, mas na maioria das vezes aquele textinho sobre o autor que consta no próprio livro basta. Seja uma linha que mencione a idade do autor, sua profissão, suas outras produções, sua formação, o local em que reside ou qualquer outra informação do tipo, seja uma pequena biografia mais profunda que acaba abarcando detalhes mais completos de sua vida, vejo como importante o “situar-se” do leitor quando se inicia uma leitura.
É por isso que aprecio quando os livros fornecem um pequeno texto sobre a vida de seu autor. Vejo como algo que contribui, e muito, para a leitura daquela obra – principalmente quando falamos dos clássicos.
Defendo, portanto, as notas sobre os autores em seus livros. Que elas estejam sempre presentes nas obras literárias!
Fonte da imagem:
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Artrianon 
Parabéns pela nota acima, muito clara e eficiente para mim, foi de grande ajuda, obrigado.
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