Firenze, Florença, em português, é conhecida como o berço do Renascimento, a era de ouro da cidade. Quando caminhamos por suas ruas, percebemos tanto a influência desse período, quanto do anterior, a Idade Média, através de ruelas pequeninas, prédios e torres de pedra, lares de aristocratas e ricos burgueses no período. Quem passa por lá também pode perceber algumas características de seu estilo toscano – Florença é a capital da província Toscana – muito marcante com suas venezianas verdes.
Como toda cidade medieval e cristã, a arquitetura de Florença começa com as igrejas. A primeira igreja de Florença foi a Santi Apostoli, Santos Apóstolos. A poucos passos da Ponte Vecchio, a igreja românica, com cúspides em sua fachada, construída em pedra e com alabastro nas janelas arcadas, se encontra perdida entre vielas e prédios renascentistas construídos por cima de seu telhado, separando-a de seu campanário.
Outra importante igreja românica florentina é a San Miniato al Monte, que começou como um monastério. Muito charmosa, com fachada geométrica, os materiais utilizados eram os locais: mármore branco Carrara e verde Prato. Dentre outras decorações, destaca-se em sua fronte um mosaico representando Cristo entre a Virgem e San Miniato, e em seu interior, belíssimos afrescos.
A igreja mais importante e famosa de Florença é sem sombra de dúvidas o Duomo, oficialmente Catedral de Santa Maria del Fiore, construído pelo arquiteto Arnolfo di Cambio sobre as fundações da antiga igreja de Santa Reparata. O Duomo, de estilo gótico, repleto de mármores em seu exterior, conta com algumas características do período românico anterior, tal como o campanário do artista Giotto e um batistério. Batistério esse que veio a ser construído antes mesmo da igreja, com planta octogonal, pois, na época, era permitida a entrada somente de pessoas batizadas nas igrejas. Sua famosa cúpula, projetada por Brunelleschi. já na Renascença, desafiava a arquitetura da época. A disposição dos tijolos a espinha de peixe evita o desabamento da cúpula, que na realidade são duas, uma interna e outra externa para proteger a primeira, existindo uma escadaria entre as duas que leva até o topo da igreja, proporcionando uma vista privilegiada das pinturas de Giorgio Vasari, completadas por Federico Zuccari, que a decoram internamente.
Cúpula de Brunelleschi
O Duomo e o Batistério
Mosaico representando Satã no Juízo Final no interior do Batistério
Particularmente, a igreja que mais gosto em Florença é a Santa Croce. Também em estilo gótico, a igreja foi construída onde São Francisco de Assis se ajoelhou para pregar, em 1211, também projetada por Arnolfo di Cambio. Sua fachada conta com os tradicionais mármores utilizados nas igrejas toscanas e foi realizada entre 1853 e 1863, quase 600 anos após o inicio de sua construção. Com planta em forma de cruz, seu interior conta com importantes afrescos que representam cenas religiosas, com destaque para as pinturas nas pequenas capelas ao lado do altar, que pertenciam as grandes famílias florentinas, e na grande capela dos Médici, além dos afrescos na sacristia. Hoje, a igreja é o panteão florentino, onde se encontram as tumbas de Dante Alighieri, Michelangelo, Galileu e Machiavel, por exemplo.
Já na arquitetura laica, o grande destaque é o Palazzo della Signoria, que teve seu nome oficialmente mudado para Palazzo Vecchio depois que Cosimo de Médici mudou sua residência deste ao Palazzo Pitti. O arquiteto, também Arnolfo di Cambio, foi muito audacioso ao construir sua elegante e imponente torre apoiando-a somente sobre uma parte dos muros do palácio, a outra parte foi construída completamente em falso. Inclusive, sua arquitetura influenciou diversos outros prédios governamentais por toda a região da Toscana. Seu mais amplo ambiente é o Saloni dei Cinquecento, Salão dos Quinhentos, construído em 1494 por Simone del Pollaiolo, e posteriormente alargado por Vasari, com grandes afrescos deste. As duas pinturas de grandes batalhas de Da Vinci e Michelangelo que ornavam suas paredes foram, infelizmente, perdidas. Além de sua importância para a cidade, o Palazzo Vecchio também teve grande papel para Itália como um todo, pois no breve período no século XIX em que Firenze foi capital do país, era no Palazzo Vecchio que o parlamento se reunia.
Salone dei Cinquecento
Levando o nome de seus originais proprietários, o Palazzo Pitti foi construído originalmente por volta de 1500 por Brunelleschi e era, na época, a maior residência da cidade, tendo sofrido diversas modificações no século seguinte. Além de sua grande área construída, conta com um enorme jardim “all’italiana”, o Giardino de Boboli. A família Pitti era rival da principal família florentina, os Médici, e Luca Pitti queria uma residência mais imponente que a de Cosimo, o Palazzo Medici. Mais tarde o palácio foi vendido à esposa de Cosimo Médici, e a família o ocupou por mais de cem anos. Mais tarde, durante o período de posse dos Habsburgo, Napoleão Bonaparte o usou como residência enquanto passava pela cidade durante sua campanha na Itália. O Corridoio Vasariano, projetado por Giorgio Vasari, é um longo corredor que liga o Palazzo Pitti ao Palazzo Vecchio, passando por prédios e até mesmo pela Ponte Vecchio e pela Galleria degli Uffizi, assim a família Médici não precisaria passar pelas ruas da cidade para ir de uma residência a outra. Hoje, o Palazzo Pitti é um dos mais belos museus fiorentinos, onde se encontra a Galleria Palatina, com grandes trabalhos de Rafael; os apartamentos reais; a Galleria d’arte moderna; além de inúmeros outros tesouros da história italiana e florentina.
Palazzo Pitti visto dos Jardins de Boboli
O importante museu, conhecido como “a galeria das estátuas”, Galleria degli Uffizi, também é um ponto importante da arquitetura local. Projetado por Giorgio Vasari e construído em 1560, em forma de “U”, para abrigar as sedes das 13 magistraturas florentinas sob um único teto, glorificando assim o governo da cidade. Atualmente, é um dos museus de arte mais importantes do mundo, com obras de mestres renascentistas, tais como Michelangelo, Da Vinci, Rafael, Botticelli, e de períodos posteriores.
Galleria degli Uffizi vista do Palazzo Vecchio
A Primavera de Botticelli conservada na Galleria degli Uffizi.
Fonte das imagens:
Aline Pascholati
Di Rufus46 – Opera propria, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=38316178
Di Samuli Lintula – Opera propria, CC BY 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=699633
http://www.villacampestri.com/blog/en/florence-san-miniato/
http://www.insideinferno.com/en/florence/locations/duomo-of-florence
By Stefan Bauer, http://www.ferras.at – Own work, CC BY-SA 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=945110
Di Jebulon – Opera propria, CC0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=15677480
Di Livioandronico2013 – Trasferito da en.wikipedia su Commons., CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=54032080
Di Diana Ringo – Opera propria, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=35415803
Por JoJan – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=431779
http://www.museumsinflorence.com/musei/Pitti_palace.html
http://www.tuscanytouristguides.com/pt/passeios-guiados/florenca/visita-guiada-palazzo-pitti.html
GOSTEI DA LEITURA. LINDAS IGREJAS DESCRITAS, NA SUA IMPORTÂNCIA E RIQUEZA RENASCENTISTA, COM UM PROTAGONISMO COMPLETO E BELO DA ARTE E DE SEUS ARISTAS. ELUCIDATIVO.
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