Feminismo: do adormecimento dos anos 50 à revolta dos 60

O ano de 1939 foi marcado pelo início da segunda Guerra Mundial que veio trazer profundas alterações econômicas e sociais. É de se destacar o envio de grande número de homens para as frentes de batalha e com isso a lacuna na mão de obra e na vida social nas cidades em que vigorava um sistema patriarcal. Ou seja, foi a necessidade nascida num contexto de guerra que enviou em força as mulheres para o mercado de trabalho e para assumir o comando financeira das famílias.

A guerra chega ao fim em 1945, o que mais uma vez vem transformar drasticamente a estrutura e comportamento social. Nos Estados Unidos inicia-se a “era dourada”. É só falar em anos 50 que nos vem logo à cabeça a imagem da mulher dona de casa, dedicada aos filhos e ao marido, que se empolga diante das inovações tecnológicas que vêm trazer para dentro de seu lar incríveis eletrodomésticos, sempre com seu vestido bonito, sua maquiagem impecável e seu cabelo muito bem arrumado, nunca deixa de lado também o seu carinhoso sorriso.

No entanto, é de se questionar como que todos os anos em que as mulheres estiveram em peso no mercado de trabalho foram assim tão facilmente substituídos por uma posição tão submissa e reclusa ao contexto familiar. A verdade é que, apesar do fim da Segunda Guerra, outro conflito nasce, a Guerra Fria, em que dois blocos tentam convencer o mundo que sua ideologia é a melhor. Nunca foi contestada e escondida a grande propaganda estatal feita pelo bloco soviético para convencer a sua própria população de que o seu modelo era o melhor, mas não podemos ignorar que os Estados Unidos usaram do mesmo artifício. Assim, as mulheres foram convencidas de que o feminismo era algo indesejável, na medida em que levaria à desmoralização da mulher e à destruição da família tradicional, um dos pilares da sociedade estadunidense. O mesmo seria dizer: a destruição da família seria apenas o começo da destruição da bela e harmônica sociedade capitalista. Nesta perspectiva verificou-se um grande retrocesso nas conquistas femininas.

Mas não devemos esquecer que o período de guerra deixou marcas e que com o tempo as mulheres vieram a se cansar e se revoltar com a organização social até então vigente. Em 1949 Simone de Beauvoir lança “O Segundo Sexo”, que veio refletir um sentimento e frustração geral da fração feminina da sociedade. As mulheres se sentiam presas ao estilo de vida pré determinado, tendo uma existência dedicada à família e sendo suas ambições e desejos próprios totalmente ofuscados e até mesmo aniquilados. A vontade de ir além e de ter o poder de escolha falou mais forte, inicia-se assim a segunda grande fase do feminismo.

Diferente do que aconteceu na primeira fase do feminismo – iniciada no século XIX – em que o protagonista das reivindicações era o sufrágio feminino, agora a luta foca-se em questões mais sociais de igualdade e na tentativa de equiparar os salários femininos aos masculinos. Assim o feminismo vai se consolidado enquanto movimento político, além de integrar no seu núcleo muitas outras de lutas civis e sair em defesa de outras minorias.

2 comentários sobre “Feminismo: do adormecimento dos anos 50 à revolta dos 60

  1. Sou completamente a favor das mulheres trabalharem para contribuir com a renda familiar, etc.Sobre serem respeitadas é óbvio que isso independe do movimento feminista, devem ser respeitadas por serem um ser vivo, um ser humano!

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