A novela Água Viva, publicada em 1973, é uma narrativa bastante singular que brinca com a experiência criativa. Mesclando a literatura e a pintura, a narradora se dirige a um interlocutor masculino, relatando o processo de escrita, que está descobrindo, bem como seus pontos de intersecção com as artes visuais.
Paralelo a esse movimento de integração entre as artes, a narradora revela aos poucos e de maneira sutil e muito poética os seus sentimentos em relação ao interlocutor, assim como suas impressões sobre a vida, a morte, a condição feminina e a solidão, cujas reflexões são constantes na obra de Clarice Lispector.
Abaixo, temos alguns excertos de Água Viva:
“E doidamente me apodero dos desvãos de mim, meus desvarios me sufocam de tanta beleza. Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca.” (P.18)
“Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra.” (P.21)
“Nada existe de mais difícil do que se entregar ao instante. Esta dificuldade é dor humana. É nossa. Eu me entrego em palavras e me entrego enquanto pinto.” (P.49)
“Estou cansada. Meu cansaço vem muito porque sou uma pessoa extremamente ocupada: tomo conta do mundo.” (P.60)
Referências:
LISPECTOR, C. Água Viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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Referência da imagem:
http://cyprus-mail.com/2017/04/18/ode-brazilian-writing/
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