Esquecemos que a língua portuguesa não é falada só no Brasil. Por quê?
“Sou um tupi tangendo um alaúde”, tal frase, escrita por Mario de Andrade no seu livro-manifesto “Pauliceia Desvairada”, representa muitíssimo o brasileiro e suas diversas vertentes culturais. Adquirimos hábitos indígenas e também portugueses devido à colonização e essa “deglutição do outro” se permeia no âmbito social e linguístico. Todavia, necessitamos deixar claro que o idioma português não é apenas falado no Brasil, como em todos os países lusófonos, e isso nos liga, de uma maneira ou outra.
Eça de Queiroz, escritor português, atingiu um grande público em diversas nações lusófonas (antes da tradução de seus livros para outras línguas) pelo seu caráter abrangente, os temas escritos eram vividos por todo o globo, e dessa forma, Eça conseguiu conectar diferentes culturas. Machado de Assis, diferente do escritor português, escrevia incessantemente sobre os problemas do Brasil, os costumes, os atos errôneos, fazendo-o ser descoberto e valorizado fora do país agora, no século XXI, principalmente com a tradução de Brás Cubas – livro lançado em língua inglesa em 2020 e esgotado em poucos meses.
Não podemos esquecer que ainda existe um “Adamastor”- digo Adamastor como um grande impasse nas nossas vidas, como um dia o Gigante Adamastor (figura mitológica) foi para os navegadores – rondando as nações que falam português. Esse Adamastor impede de alcançarmos a valorização que os países de “primeiro mundo” têm. Um fato que temos em comum, e que nos torna uma unidade, é a nossa colonização, feita por Portugal. Apesar de estar no auge da sua economia quando nos colonizou, hoje em dia se encontra em uma situação completamente diferente. Como podemos crescer como língua, se grande parte da população nos enxerga como colonizados?
Mario de Andrade escreveu também “Macunaíma”. Embora o livro tenha sido escrito como retrato dos brasileiros e seu anti-heroísmo, a personagem principal pode ser considerada uma representação de todos as nações colonizadas por Portugal. Precisamos nos desdobrar, assim como a personagem torna-se homem, mulher, índio, para alcançar um resquício de respeito. Devemos nos enxergar como unidade, e temos como missão de vida valorizar nossos grandes criadores e observadores das nossas raízes: os escritores. Levando-os para outras línguas, mesmo que seja os traduzindo. Dessa forma, o Adamastor que em nossas costas dorme todos os dias, despertará aos poucos.
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