Você provavelmente já ouviu falar no filme “Coraline e o mundo secreto”, não é? Mas você sabia que ele foi inspirado num livro?

O livro “Coraline”, de Neil Gaiman, conta a história de uma menina que se muda com os seus pais para um casarão, onde existem vários “apartamentos.” Ela leva uma vida muito monótona e não gosta nada disso. Ela se define como uma aventureira e exploradora e detesta ficar sem fazer nada. Seus pais são muito ocupados, e não dão atenção a ela, como vemos neste trecho, quando Coraline está entediada e quer conversar com seu pai:
– Então explore o apartamento. – Sugeriu o pai. – Olha, aqui tem um pedaço de papel e uma caneta. Conte todas as portas e janelas. Faça uma lista de tudo que é da cor azul. Organize uma expedição para descobrir onde fica o aquecedor. E me deixe trabalhar sossegado.
Coraline pergunta se pode ficar na sala de visitas, onde eles guardavam a mobília que tinham herdado da avó. O pai dela diz que sim, mas que a menina não tocasse em nada naquela sala.
Ela conta todas as coisas azuis da casa, as janelas… e as portas. Ela descobriu várias portas, mas uma chamou sua atenção: a maior delas, talhada em madeira escura, que ficava no canto da sala, e estava trancada.
Ela perguntou para sua mãe por que a porta estava trancada, e ela disse que a porta não dava para lugar nenhum. Coraline ficou muito curiosa e a mãe abriu a porta. Realmente, ela estava certa: a porta se abria para uma parede de tijolos.
– Você não trancou a porta. – disse Coraline.
Sua mãe deu de ombros.
– Para que trancar? Não leva a lugar nenhum.
Coraline não falou mais nada.
No outro dia, a chuva havia cessado e Coraline resolveu dar uma volta. Ela encontrou a sua vizinha, a senhorita Spink, que estava passeando com os cachorros. Em seguida, a menina encontrou a senhorita Forcible, que dividia o apartamento com a senhorita Spink, e conversaram um pouco. E depois, Coraline encontrou o seu outro vizinho, o “velho doido do andar de cima.” Ele vivia falando de um circo de ratos que ele estava treinando, e disse a ela que os ratos tinham um recado: que Coraline não atravessasse a porta.
A menina não entende a mensagem dos ratos, nem o velho, então ela volta para casa, entediada. O seu pai sugere que ela saia de casa novamente e vá visitar a senhorita Spink e a senhorita Forcible. E então acontece uma das coisas mais importantes da história: as senhoritas leem a sorte da menina nas folhas do chá que ela tomou. Elas dizem que Coraline está correndo muito perigo e lhe dão um amuleto: uma pedra com um buraco no meio.
Devido à neblina, o mundo ficava meio fantasmagórico. Perigo?, pensou com seus botões. Parecia emocionante. Não parecia nada ruim. Não mesmo.
No dia seguinte, a mãe de Coraline vai ao mercado e a filha resolve que não quer ir junto. Como sempre, ela estava entediada. Tentou ler um livro de sua mãe, mas não gostou. Então, ela teve uma ideia: pegar a chave, ir até a sala de visitas e… abrir a porta.
A velha chave preta parecia mais gelada do que as outras. Coraline a enfiou no buraco da fechadura. A chave girou sem dificuldade, com um satisfatório clunc.
Ao invés dos tijolos, a menina encontrou um corredor escuro, que tinha cheiro de algo muito, muito velho, e estava frio. Coraline ficou aflita, porque sentiu que alguma coisa familiar estava ali.
Ela percebeu que não havia saído da sua própria casa… atravessou a porta e continuou sentindo as mesmas coisas, pisava sobre o mesmo carpete! Era a casa dela. Mas tinha algumas diferenças, sim: o quadro do corredor era diferente, mas quando ela estava analisando as coisas ao redor, ouviu alguém a chamar.
Era a voz da sua mãe. Então foi até a cozinha, porque a voz parecia estar vindo de lá. Sua mãe estava de costas. Mas não era bem a sua mãe… era mais alta, mais magra e muito pálida, e suas unhas eram afiadas e enormes, e os dedos, muito compridos. Então a mãe dela se virou. E, no lugar de seus olhos, estavam botões pretos. Coraline se assustou e perguntou quem ela era. Então a suposta mãe respondeu: “– Sua outra mãe. Diga ao seu outro pai que o almoço está pronto. Vá chamá-lo.”
E a menina foi chamar o seu “outro pai” que estava no escritório, trabalhando no computador. Quando ele se virou, ela percebeu que ele também tinha olhos de botão. Ele disse que estavam esperando a menina há muito, muito tempo. E a outra mãe disse que a casa não era a mesma sem Coraline. Eles almoçaram, e a menina comeu o melhor frango da vida dela, muito diferente das comidas que o seu pai preparava.
Esse outro mundo era muito diferente do seu mundo real: ela tinha brinquedos incríveis, que se mexiam, voavam, tinham vida própria! Sua outra Mãe era muito gentil e atenciosa, deixava-a ter roupas coloridas, galochas diferentes… as senhoritas Spink e Forcible eram atrizes, muito jovens e bonitas, e faziam espetáculos que duravam para todo o sempre! Atuavam e faziam números impressionantes no palco, e Coraline se divertia… sem contar que a sua plateia era montada por cachorros, que latiam animadamente.
Coraline também encontrou o gato preto, o único naquele lugar que não tinha olhos de botão. Ela percebe que o gato falante é o mesmo que habita o jardim da casa dela, e logo se tornam amigos. Mas logo a menina percebe que os outros pais querem que ela fique no outro mundo PARA SEMPRE.
Então, Coraline precisará de muita sorte e coragem para desvendar o mistério deste outro mundo, e para poder sair dele. Não quero dar mais spoilers, mas garanto que você vai amar a leitura! É imperdível, e, com certeza, uma das minhas leituras favoritas de 2022.
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