A fascinante loucura de aprender Hebraico Bíblico

Há alguns dias tive a ideia insana de começar a estudar hebraico bíblico – e estou completamente viciada! Apesar de à primeira vista a língua parecer extremamente difícil e assustadora, até mesmo por conta de seu alfabeto, completamente diferente do nosso, na verdade, não é tão complicada assim, sobretudo se você tiver acesso a um material que te facilite a vida – o curso que estou fazendo está disponível para os alunos da graduação e da pós em teologia da Universidade de Genebra. Essa observação vale mais ainda para o caso das línguas mortas, nas quais não temos a opção de assistir filmes e ouvir músicas, além de conversar com nativos, podendo aprender muito mais “por osmose”. Assim, percebi que se eu tivesse tido um professor mais interessado e um material mais acessível quando estudei grego antigo na faculdade, talvez não tivesse abandonado a matéria, que, a priori, achava muito interessante, após apenas um semestre. Ponto importante, então, caso você esteja pensando em estudar uma língua morta – fica a dica do latim, o qual o curso está disponível gratuitamente no aplicativo de aprendizado de idiomas Duolingo, e funciona muito bem, na minha opinião.

Mas voltemos ao hebraico. Uma das partes mais interessantes do idioma é que a estrutura das palavras é composta de consoantes. Assim, até o século VII d.C., quando aparecem os grandes sistemas de vocalização, o hebraico não usava vogais em sua escrita! E quando de sua vocalização – ou seja, adição de vogais em sua forma escrita -, as vogais passam a ser indicadas apenas por pontos junto às consoantes, o que definitivamente é um desafio!

Por exemplo, a palavra Yahweh, que designa Deus:

  יהוה

Nela, há somente as letras Y, H, W e H.

Entretanto, após um pouco de treino, a dedução das palavras através de suas consoantes acaba sendo mais fácil. Também é importante notar que apesar da escrita se fazer somente através das consoantes, até dado momento na história, isso não significa que as vogais não existiam e não eram pronunciadas na língua falada.

Outro ponto curioso – e que às vezes dá um nó no meu cérebro – é o fato de que se escreve e se lê da direita para a esquerda, como no árabe, por exemplo, e não da esquerda para a direita, como estamos acostumados.  Honestamente, acreditava que me habituaria mais facilmente a essa escrita “ao contrário”, mas chegarei lá.

Por fim, gostaria de mencionar os sons, que, esses sim, em alguns casos, são extremamente difíceis de pronunciar, pois trata-se de sons guturais, oriundos do fundo da garganta, que também aparecem em outras línguas semíticas, tal como o árabe.

Nesse momento é importante lembrar que quando aprendemos um novo idioma, nossas dificuldades e facilidades também vão surgir de nosso conhecimento prévio, tanto de nossa língua materna, quanto de outras com as quais já entramos em contato. Dessa maneira, se eu falasse árabe, alguns pontos do aprendizado seriam muito mais simples, dado que é um idioma da mesma família do hebraico – o português, assim como outros idiomas que falo, estudei ou entrei em contato até hoje, faz parte da família das línguas indo-europeias, sendo assim muito diferente, inclusive na questão do vocabulário.

Estudando línguas de uma mesma família, no meu caso, indo-europeias, mesmo em algumas que parecem completamente diferentes, por exemplo, norueguês e croata, pode-se encontrar algumas vezes similaridades em algumas palavras que podem ter uma origem comum. Mas, honestamente, a parte do vocabulário hebraico até agora não tem sido um problema. Talvez, por se tratarem de palavras totalmente diferentes, elas não se confundam com outras que já fazem parte do meu vocabulário em outros idiomas, além de o desafio ser algo que me estimula muito na hora de aprender. Para mim, é muito mais legal um desafio de vocabulário do que de gramática – os que sofrem com declinações certamente me compreenderão!

Fonte da imagem:

http://www.unige.ch/theologie/distance/cours/hebreu2018/lecon5/index.html

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