‘Conteúdo Sensível’, uma mostra sobre violência, dor, maternidade e liberdade

Simone Cosac Naify abriu sua primeira exposição individual no último dia 31 de outubro na New Gallery, em São Paulo – até então, a artista, que está próxima do mundo da arte desde os anos 90, havia apresentado seu trabalho na Europa. A mostra, dedicada à obras em aquarela, esculturas, objetos e desenhos, continua aberta ao público até o dia 26 de novembro.

Segundo a artista, seu título – ‘Conteúdo Sensível’ -, alude à “terminologia usada pelo Instagram quando alguém posta ou diz algo que não pode ser dito ou mostrado”, ou seja, quanto postamos alguma coisa além do “bonitinho” e alegre aceito pelas redes sociais, nas quais obras de arte com figuras nuas são censuradas. Os trabalhos da artista mostram justamente o contrário: problemas contemporâneos, sobretudo ligados à violência, que alguns fazem questão de não enxergar, seguindo como se tudo estivesse completamente normal em um mundo que, na verdade, é, ao menos em partes, perfeitamente insano.

A Utopia da Liberdade II

Dividida em duas partes, Mater Dolorosa e Mater Crucis, a mostra traz criações que abordam temas que giram em torno da violência, da dor, da maternidade e da liberdade. ‘Mater Dolorosa’ é o termo usado em história da arte para designar as representações nas quais a Virgem Maria sofre por seu filho morto, seja aos pés da cruz – ‘Mater Crucis’ – ou com ele em seu colo, cena que se repete até nossos dias com mães que seguram os corpos sem vida de seus filhos, vítimas da violência. Assim, em Mater Dolorosa, trata-se da “dor desconhecida de quem gera uma criança e se depara, diante de seu nascimento, com um amor sufocante e incondicional. É a trajetória da mulher que, muitas vezes, abdica de sua própria identidade para incorporar a de seus filhos”, enquanto que, em Mater Crucis, denuncia-se a violência causada por uma política internacional de valores distorcidos.

Esse mix de emoções é apresentado através de obras fortes e viscerais, com uma profusão de símbolos que fazem referência tanto à maternidade, quanto à dor. Como afirma Shannon Botelho: “Os signos visuais verificados nos trabalhos – cordão umbilical, tesoura, placenta, farpas, cordas, fetos – curiosamente revelam uma dualidade entre a expiação e a pulsão de vida, em um misto de expressividade latejante e denunciante. […] Sem romantizar a condição subjetiva e física de toda mãe, Simone Cosac Naify produz imagens transfiguradas, mutiladas, fragmentadas, num ato que mimetiza o maternar como espelho da existência humana.”

Serviço:
Vernissage 31/10/24 às 17:00h
Horários de abertura: terças-feiras, quartas-feiras, quintas-feiras e sábados das 11:00h às 18:00h
Local: New Gallery, Padre Garcia Velho, 173 – Pinheiros – São Paulo


Fontes:
– Conversa com a artista.
https://simonecosac.art/
https://dasartes.com.br/agenda/simone-cosac-naify-new-gallery/
https://www.jb.com.br/cadernob/2024/10/1052486-simone-cosac-naify-mostra-suas-aquarelas-em-sao-paulo.html

Fonte das imagens: Divulgação

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