10 grandes (não tão conhecidas) mulheres na História

Foi com meus quatorze ou quinze anos que surgiu pela primeira vez a dúvida: Onde estão as mulheres na História? Por que só existem alguns poucos destaques, em meio a milhares de exemplares masculinos? Confesso que a dúvida foi calando-se com o passar do tempo.

Dentro do ensino médio ouve-se falar sobre… Quem?

De imediato assim é difícil lembrar-se de uma mulher de destaque, que não seja compreendida após o nome de um grande homem. Bom, por exemplo, fui saber sobre Frida Kahlo só na graduação – que desperdício demorar tanto…

A verdade é que infelizmente a História toda nos é ensinada a partir dos protagonistas. Enfim. Estamos em 2015, e já há bons anos a internet nos dá, de mãos beijadas, ferramentas incríveis de descobrimento – de conhecimento.

Vou deixar então que as histórias falem por si: Dez breves sínteses sobre dez mulheres incríveis – algumas empunhando armas, outras apenas ideais, encante-se:

1 – Nadežda Konstantinovna Krupskaja

Muitos talvez a conheçam apenas como esposa de Lenin. Pedagoga e revolucionária bolchevique, Nadezda foi Ministra Interina da Educação na União Soviética de 1929 até sua morte, em 1939. Antes da revolução, foi secretária do Jornal político Iskra, gerenciando toda a correspondência que atravessava o continente europeu. Após a Revolução, teve papel importante na luta contra o analfabetismo na Rússia. Defendeu o estudo das ciências naturais e sociais, e lutou pela disponibilização das bibliotecas à população.

2 – Constance Markievicz

A condessa anglo-irlandesa Constance Markievicz foi membro dos partidos políticos Sinn Féin e Fianna Fáil – revolucionária, nacionalista, sufragista e socialista, ativa na luta pela independência da Irlanda, incluindo na Revolta da Páscoa (1916), onde teve papel na liderança.

Durante o levante, acabou por ferir um franco-atirador britânico e foi forçada a recuar e se render. Foi então a única mulher entre os 70 prisioneiros confinados em solitária. Sentenciada à morte, acabou sendo perdoada por ser mulher. O promotor de acusação alegou que ela chegou a implorar, dizendo “Eu sou apenas uma mulher, você não pode atirar em uma mulher”. Porém os registros da corte mostram que na verdade, ela disse: “Eu realmente queria que a sua laia tivesse a decência de atirar em mim”.

Constance foi uma das primeiras mulheres no mundo a conseguir uma posição ministerial (Ministra do Trabalho da República Irlandesa, 1919-1922), e foi também a primeira mulher eleita para a Câmara dos Comuns em Londres (dezembro de 1918) – que rejeitou, devido à política de abstenção do partido irlandês, Sinn Féin.

3 – Petra Herrera

As Soldaderas, combatentes femininas da Revolução Mexicana, apesar de abusos que sofriam, entraram ao lado dos homens em combate.

Um dos nomes de evidência é Petra Herrera – que se disfarçou de homem e combateu como “Pedro Herrera”, até atingir posição de destaque, e então revelar-se mulher. Participou da segunda batalha de Torreón, em 30 de maio de 1914, junto de outras 400 mulheres, até mesmo sendo glorificada por algumas por merecer todo o crédito pela vitória na batalha. Infelizmente, Pancho Villa, um dos generais mais importantes, não estava disposto a dar esse crédito a uma mulher e não a promoveu para “general”. Em resposta, Petra abandonou as forças de Villa e formou sua própria brigada, só de mulheres.

4 – Nwanyeruwa

 

Nwanyeruwa, nigeriana da etnia Ibo, foi responsável por uma curta guerra – que geralmente é considerada o primeiro grande desafio da autoridade britânica no oeste da África, durante o período colonial.

Em 19 de novembro de 1929, ocorreu uma discussão entre Nwanyeruwa e um oficial de censo chamado Mark Emereuwa por tê-la mandado “contar suas cabras, ovelhas e família”. Compreendendo que isso significava que ela seria taxada, sendo que tradicionalmente, as mulheres não pagavam impostos, ela discutiu a situação com outras mulheres e então sob o nome de Guerra das Mulheres, protestos passaram a ocorrer ao longo de dois meses.

Cerca de 25 mil mulheres  de toda a região se envolveram nas manifestações, protestando tanto contra as mudanças nas leis tributárias, como pelo poder irrestrito das autoridades.

No final, a posição das mulheres venceu, com os britânicos abandonando seus planos de impostos, assim como a renúncia forçada de muitas autoridades do censo.

5 – Lakshmi Sehgal

Lakshmi Sehgal foi revolucionária no movimento de independência da Índia, oficial do exército nacional indiano e, depois, Ministra dos Assuntos para Mulheres no governo Azad Hind. É mais conhecida como “Capitã Lakshmi”, em referencia à sua categoria quando foi presa na Birmânia, durante a Segunda Guerra Mundial.

Na década de 1940, ela comandou o regimento Rani de Jhansi – que era composto apenas por mulheres que visavam derrubar o Raj britânico na Índia colonial. O regimento foi um dos poucos que tiveram combatentes apenas de mulheres na Segunda Guerra Mundial, em ambos os lados, e foi nomeado assim por conta de outra revolucionária feminina na Índia, chamada Rani Lakshmibai, que foi uma das figuras líderes da Rebelião Indiana em 1857.

6 – Sophie Scholl

A revolucionária alemã Sophie Scoll foi uma das fundadoras do grupo de resistência não-violenta antinazista, chamado a Rosa Branca, que promovia a resistência ativa ao regime de Adolf Hitler por meio de uma campanha anônima de panfletagem e grafite. Em fevereiro de 1943, ela e outros membros do grupo foram presos por entregarem panfletos na Universidade de Munique e, menos de 24h depois, sentenciados à morte por guilhotina. Ela tinha apenas 21 anos.

Cópias dos panfletos, re-entitulados “O Manifesto dos Estudantes de Munique”, foram contrabandeados para fora do país e foram lançados, aos milhões, por aviões das forças Aliadas por toda a Alemanha.

7 – Blanca Canales

 

Blanca Canales foi uma nacionalista porto-riquenha que ajudou a organizar a “Filhas da Liberdade” – ala feminina do Partido Nacionalista Porto-Riquenho. Foi uma das poucas mulheres na história a liderarem uma revolta contra os EUA, no que ficou conhecido como o Levante Jayuya. Em 1948, uma severa lei de restrição foi aprovada (Leu 53 ou “Lei da Mordaça”), em que se criminalizava a impressão, publicação, venda ou exibição de qualquer material de teor subversivo com intenção de paralisar ou destruir o governo da ilha. Em resposta, os nacionalistas planejaram uma revolução armada. Em 30 de outubro de 1950, Blanca e outros pegaram as armas que tinham escondido em sua casa e marcharam para dentro da cidade de Jayuya, tomando a delegacia, queimando o posto de correio, cortando as linhas telefônicas e hasteando a bandeira de Porto Rico, em desafio à Lei 53. Como resultado, o presidente norte-americano declarou lei marcial e ordenou que o exército e a força aérea atacassem a cidade. Os nacionalistas agüentaram o máximo que puderam, mas foram presos e três dias depois, sentenciados à prisão perpétua. Grande parte de Jayuya foi destruída e o incidente não foi coberto corretamente pela imprensa dos EUA – tendo até mesmo o presidente norte-americano dizendo que foi “um incidente entre porto-riquenhos”.

8 – Celia Sanchez

 

A maioria das pessoas conhece Fidel Castro e Che Guevara, mas poucas ouviram falar de Celia Sanchez, a mulher no coração da Revolução Cubana, onde até mesmo rumores dizem ter sido a principal tomadora de decisões. Após o golpe de 10 de março de 1952, Celia se juntou na luta contra o governo de Fulgencio Batista. Ela foi uma das fundadoras do Movimento 26 de Julho, foi líder dos esquadrões de combate durante toda a revolução, controlou os recursos do grupo e até mesmo organizou o desembarque do Granma, que transportou 82 combatentes de México para Cuba, para derrubar Batista. Depois da revolução, Celia continuou com Castro até sua morte.

9 – Kathleen Neal Cleaver

 

Kathleen Neal Cleaver foi uma das integrantes do Partido dos Panteras Negras e a primeira mulher do partido a fazer parte do corpo de “tomadores de decisões”. Ela serviu como porta-voz e secretária de imprensa, organizando também a campanha nacional para libertar o aprisionado ministro da Defesa dos Panteras, Huey Newton. Ela e outras mulheres, como Angela Davis, chegaram em determinado momento a contabilizar dois terços do quadro dos Panteras, apesar da noção de que o partido era majoritariamente masculino.

10 – Asmaa Mahfouz

A ativista egípcia Asmaa Mahfouz, de apenas 30 anos, é uma revolucionária moderna, a quem repousa o crédito de ter inflamado o levante de janeiro de 2011 no Egito, por meio de um vídeo postado na internet, encorajando outros a juntar-se a ela nos protestos na Praça Tahrir. Além de fundadora do Movimento de Juventude 6 de Abril, é considerada uma das líderes da Revolução Egípcia e membro destacado da Coalizão da Juventude para a Revolução Egípcia.

Depois destas histórias fantásticas, eu pergunto: Consegue perceber como o cerne da coisa esteve sempre ali? O papel crucial de cada uma delas…

A chave da mudança está debaixo do nosso “tapete” – e o esforço descomunal que foi feito pra “levantá-lo” tem muitos anos de história.

Fica até a margem pra perguntar: O que levou o masculino a sobrepor o feminino? Que medo incrível foi (e é) este que envolve o homem, de “empoderar” publicamente uma mulher? Parece que somos os únicos seres vivos que simplesmente não cooperam entre si na divisão das atividades “macho-fêmea”, e não dividimos também o mérito.

Com essa liberdade do falar que temos hoje, a explosão da luta pelo direito da mulher é palpável: Experimente ler os comentários em textos que tenham cunho machista.

Já passamos do tempo do “sonho da mãe dona-de-casa” e muitos de nós nem se deram conta!…

Aproveite o ensejo e vá ler sobre algumas das mulheres mais importantes do seu país!

Com informações de:

http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/09/mulheres-revolucionarias/

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