Pensando em peças que recordem o passado é comum que venham à nossa mente os famosos objetos retrô, mas e se na verdade esses objetos não fossem retrô, mas sim, transitive?
Afinal, o que é transitive design? No que se difere do retrô?
Ambos recordam o passado, porém a grande diferença é que enquanto as peças retrô são uma cópia atual de objetos vintage – peças realmente antigas –, o transitive design cria peças que utilizam os elementos mais marcantes de peças antigas em seu novo design. Para melhor compreensão vamos entender onde e como surgiu o transitive design.
O termo “transitive”, transitivo ou transição, vem justamente da transição para o novo milênio. Tão esperado e assustador, alguns acreditavam que o mundo acabaria, enquanto outros simplesmente tinham medo do desconhecido. Como seria o novo milênio? E para o design não foi diferente. A tecnologia para fazer peças com materiais totalmente novos e avançados para a época exista, mas e o design? Como seria o design do novo milênio? Essa era uma pergunta que ninguém sabia responder e, assim, foram produzidas peças inovadoras do ponto de vista produtivo e antiquadas do ponto de vista do design. Esse é o caso da cadeira Louis Ghost, projetada por Philippe Starck e comercializada pela Kartell, feita em policarbonato transparente – um material inovador – e forma clássica inspirada no estilo Louis XV.
Cadeira Louis Ghost, Philippe Starck para Kartell, 2002.
Além de desconhecer as formas do novo milênio, as pessoas, com receio do que estava por vir, queriam ter uma “memória afetiva”, uma vez banida pelos modernistas, do milênio que ficava para trás, com objetos, formas e símbolos – como uma pessoa que sai de casa para ir para a faculdade, ter uma nova vida, mas que não deixa para trás algumas lembranças que a fazem se sentir segura sobre quem ela é e de onde veio. Assim são projetadas as peças transitive, com um design novo que incorpora o melhor do passado.
Não é fácil identificar quais peças são transitive e quais são retrô, por isso aqui vão alguns exemplos:
Jeep Renegade (atual)
Jeep 1941
O elemento “x” remonta aos antigos tanques que ficavam na traseira dos jipes Os “X” por todos os lados vem dos galões de combustível do Jeep militar. Modelar o Jeep Renegade com base no Wrangler não foi o suficiente. Os designers se inspiraram também nos galões de combustíveis frequentemente carregados pelos velhos Jeep Willys em patrulha. Os “X” que eram estampados nesses galões são vistos nas lanternas traseiras e também escondidos nos faróis, no teto, e em muitos outros lugares que a marca jura que nunca vai revelar.
Ettore Sottsass e Marco Zanini para Cassina, 1994.
Vanity Fair, Poltrona Frau, 1930.
Vespa 946 (atual).
Protótipo Vespa MP6, 1945
Mini Cooper produzido a partir de 1999.
Mini Cooper, década de 60.
Clássico pote para sal e versão transitive desenhada por Enzo Mari para Alessi.
Fonte das imagens:
http://www.miniusa.com/content/miniusa/en/why-mini/why-mini/over-50-years-of-motoring.html
http://www.vespaclub.com/Pages/Default.aspx?idpag=6&num=5
http://caranddriverbrasil.uol.com.br/upload/imagens_upload/Jeep_Renegade_2.jpg
http://bestcars.uol.com.br/bc/wp-content/uploads/2015/03/Jeep-Renegade-Longitude-011.jpg
https://www.the-blueprints.com/blueprints-depot/tanks/tanks-u-z/willys-jeep-1941.gif
http://porta-luva.com/jeep/jeep-renegade-a-briga-vai-esquentar