Quando esquecemos Alice Guy?

Alice Guy Blaché é uma das pessoas mais importantes da história, porém, você não sabe quem ela é. Não se culpe, pouco tempo atrás eu também não e provavelmente a maioria das pessoas a sua volta, menos ainda. Mas se ela é tão importante assim, porque não aprendemos sobre ela? Bom, na verdade essa resposta é bem simples.

Alice nasceu em 1º de julho de 1873 em Saint-Mandé, França. Sem ela, você provavelmente não teria o cinema da mesma forma, pelo menos não com o mesmo modo narrativo que estamos acostumados a ver. Apesar de muitos ligarem o inicio do cinema com Georges Méliès, ela foi a primeira pessoa a dirigir um filme de ficção, explorando recursos narrativos cinematográficos.

Sabe aquela famosa cena do trem, que os irmãos Lumière mostraram e algumas pessoas saíram correndo do cinema, achando que o trem realmente iria pegá-los? A princípio, o cinema tinha como base mostrar apenas cenas reais (apesar de muitos já duvidarem e acharem que os próprios irmãos tenham dirigido a cena da saída da fábrica) e antes de tudo, estava sendo vendido como uma ótima ferramenta documental para a medicina, acabando por acidente no ramo do entretenimento, quer dizer, não tão acidente assim.

Com tudo, antes de qualquer um, Alice viu ali um modo novo de idealizar sonhos, contos e histórias: o cinema ficcional. Com isso criou o primeiro filme ficcional da história do cinema: “Fada do Repolho”, de 1896. Inovando não só na narrativa, mas também já utilizando efeitos visuais. Algumas semanas depois, Méliès estreou o seu primeiro filme ficcional.

A mãe esquecida do cinema, não parou por aí, muito menos se bastou criar apenas uma ideia inovadora. Além de ter feito experimentos com cor e som, antes mesmo de se tornar uma obrigação, ela trouxe aos seus filmes discussões quase proibidas na época, sobre raça, feminismo e nacionalismo. “A Fool and His Money”, filme que dirigiu em 1912, foi o primeiro a ter um elenco totalmente formado por pessoas negras. Seis anos antes, em 1906, ela dirigiu “Les Resultats du Feminisme”, em que tenta discutir os problemas do machismo de uma forma mais leve, mas também inovadora para época, em que ela faz uma inversão de papeis. No mesmo ano, ela ainda dirigiu uma superprodução, “La naissance, la vie et la mort du Christ“, que além de contar com mais de 300 figurantes, ainda tinha uma duração impressionante para a época, 33 minutos.

Em 1907, ela se casou com Hebert Blaché e três anos depois, eles resolveram criar a própria empresa, a Solax Company, marcando mais uma vez a história: se tornou o maior estúdio de cinema antes da era Hollywood. Porém, em 1922, devido a concorrência muito pesada com Hollywood e o fim do seu relacionamento, ela teve que fechar a empresa. Voltou para a França e nunca mais produziu filme algum, falecendo em 1969 com 94 anos.

Bom, lembra que eu havia dito que a resposta dela ser desconhecida era bem simples? Pois é, você com certeza já entendeu o por que. Alice Guy foi uma mulher revolucionária que ajudou a criar o cinema como nós conhecemos hoje, mas foi engolida por Hollywood e pelo machismo que envolve esse processo. Isso é bem óbvio quando a mídia, profissionais da área e até nós mesmos ligamos o começo do cinema com Georges Méliès, D. W. Griffith e alguns outros. Obviamente todos tiveram uma participação importante nesse processo e pela época, é muito difícil dar certeza empírica de quem teve a primeira ideia, mas o problema é falta de conhecimento do mundo em lembrar-se dessa mulher incrível. Antes de Alice, ninguém acreditava no cinema de ficção.

Vale a pena assistir os seus filmes e ver como tudo aquilo realmente foi inovador para a época. Outra coisa que vale a pena, é questionar quantas mulheres tão talentosas quanto ela foram apagadas e esquecidas pelo machismo apoiado pela sociedade e a mídia.

Para saber um pouco mais:

http://estantedasala.com/alice-guy/

https://www.youtube.com/watch?v=vp1l7A0eZqY

https://www.youtube.com/watch?v=trNfjvuuqbM

https://www.youtube.com/watch?v=bCrLOrJp1ZI

http://www.cineset.com.br/os-filmes-de-alice-guy-blache/

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