Uma excelente obra de jornalismo investigativo que prende a atenção do leitor do início ao fim. Com o objetivo de auxiliar na solução do mistério de um roubo de obras de arte que aconteceu no Rio de Janeiro em 2006, a autora percorreu os meios e os entremeios da investigação sobre o episódio. Na verdade, a pretensão da autora era maior, pois quando se lançou na empreitada a ideia era de que isso levasse ao desvendar do caso a partir de sua efetiva contribuição na investigação. O resultado foi frustrante – por uma série de fatores -, o que não tornou, nem de longe, o trabalho por ela conduzido sem efeito. As descobertas, por mais que não tenham levado à solução do caso, foram significativas, além de que um alerta ou uma mensagem ao final foi possível estabelecer diante de tudo o que foi levantado e consta relatado na obra. Isso sem falar na principal consequência de tudo isso: a obra em si, que é um trabalho primoroso em vários sentidos.
Em 2006 aconteceu aquele que é considerado o maior roubo de arte na história do Brasil. No Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, um grupo armado rendeu os poucos presentes e subtraíram dali cinco obras: dois Picassos, um Monet, um Matisse e um Dalí. O valor estimado na época dos objetos de arte roubados superavam dez milhões de dólares. Desde então, as obras nunca mais foram vistas ou encontradas. Por mais que uma investigação tenha sido instaurada, nenhum tipo de avanço significativo aconteceu para além de um ou outro tropeço investigativo – sem mencionar os elementos que acabaram ficando de fora da investigação. É a reconstituição dessa história, em todos os seus detalhes – prévios, durante o ato e posteriores – que o livro traz ao leitor, fornecendo um amplo relato sobre os fatos envolvendo essa grande história.
A forma com a qual Cristina Tardáguila narra a história é fantástica. Desde a estruturação dos capítulos, passando pelo estilo de escrita até o suspense criado que leva ao desfecho da história são elementos presentes que agradam o leitor. Não há como não gostar do livro, pois a escrita da autora flui de modo louvável. A trama toda sobre o roubo é contada, o que inclui todos os passos da própria autora que foram trilhados quando passou a investigar o caso. Entrevistas, diálogos, pesquisas e descobertas feitas por Cristina são confidenciadas ao leitor de modo bastante agradável e cativante. O livro é ótimo em vários sentidos, portanto. Além de tudo isso, vale registrar a conclusão da autora ao pontuar que já que o livro não pode ser um “thriller policial sobre a recuperação de cinco pinturas roubadas de um museu carioca em pleno carnaval”, que seja lido então como um manifesto – no sentido de alertar sobre a importância de as instituições darem a devida importância ao cenário (como um todo) da arte no Brasil. Fica o convite para a leitura da obra, portanto. Certamente o livro agradará qualquer leitor.
Fonte da imagem:
https://www.intrinseca.com.br/wp-content/uploads/2017/04/artedodescasofacebook.jpg
Compre o livro “A Arte do Descaso” aqui (comprando qualquer produto através desse link, você ajuda a manter o site e não paga nada a mais por isso!)
Compre os livros do autor aqui (comprando qualquer produto através desse link, você ajuda a manter o site e não paga nada a mais por isso!)