As comunidades surdas valorizam grandemente os seus idiomas e seu modo de vida. Diferentemente do que muitos pensam, os surdos ao redor do mundo não usam a mesma língua de sinais. Aqui no Brasil temos a Libras, Língua de sinais brasileira; na Colômbia, a língua de sinais colombiana; no Japão, a língua de sinais japonesa. Cada país tem sua língua de sinais e alguns deles têm até mais de uma. Essas línguas contam com um vocabulário próprio e peculiaridades gramaticais que as tornam únicas.
Essa grande variedade de línguas ocorre, visto que cada comunidade surda tem sua percepção de mundo moldada por tudo que está ao seu redor como clima, cultura, religião, sistema econômico e outros fatores. Isso faz com que em cada região sejam utilizados sinais distintos para o mesmo conceito. Desse modo, países que compartilham a mesma língua oral, têm línguas de sinais são diferentes. Por exemplo, o sinal para AMOR no Brasil é sinalizado de um modo completamente diferente do que em Portugal.


Há um incrível poder de criação imagética, nas línguas de sinais, ao amalgamar gestos, sinais, expressões corporais e pantomimas no momento de sua enunciação. Esse processo complexo, mas que é natural para as pessoas surdas, funciona de modo não linear, no qual o sinalizador avança, retrocede, focaliza e emulam efeitos como o zoom, slowmotion, close up e fade. Tudo isso de forma artesanal, pois as suas mãos e corpo são as únicas ferramentas necessárias para a realização. Esse poder imagético é tão evidente que foi explorado por diversos artistas ao longo dos séculos.
O poder imagético que as pessoas surdas têm em suas mãos não se limita à língua de sinais e se manifesta em diversas formas de arte como a escultura, fotografia, pintura, desenho, teatro e literatura. Mesmo utilizando línguas diferentes, os surdos compartilham o desejo de serem encarados como pessoas, algo que deveria ser regra, mas infelizmente é a exceção. Os surdos são excluídos do mundo da escola e trabalho pois são incompreendidos. Segundo o último censo do IGBE, há no Brasil aproximadamente 2,3 milhões de pessoas surdas, as quais querem viver, trabalhar, estudar e se divertir do mesmo modo dos milhões que não são surdos. Porém, para eles isso não é tão fácil, visto que há uma barreira linguística que separa os surdos dos ouvintes.
Cabe a nós retirar esse obstáculo.
Venha, conheça um pouco da língua e arte dos surdos!
Fonte das imagens:
https://culturasurda.net/2014/12/16/alexander-martianov/
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-gestual/amor
https://www.spreadthesign.com/pt.br/word/4058/amor/?q=amor
Referências
IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde, Brasília, 2019.
PIMENTA, N. A tradução de fábulas seguindo aspectos imagéticos da linguagem cinematográfica e da língua de sinais. 2012. 165 f. Dissertação (Mestrado em estudos da Tradução). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.
MENEZES, R. D. LIBRAS: uma reflexão a respeito do histórico de uso do termo. Revista Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 15, n. 2, p. 125-144, 2019.
Menezes, R. D. de, & Souza, F. M. de. (2021). FAMILY DOG: resistência pela arte surda. Open Minds International Journal, 2(3), 48–59.
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