A obra de Pablo Picasso “A Mulher no Espelho”, é representada geometricamente, no estilo cubista. Percebe-se a bipolaridade da personagem, pois a imagem refletida no espelho é antagônica à sua imagem real. Fora do espelho a personagem tem sua face dividida em duas: Uma parte com a expressão saudável e outra com a expressão extremamente fria e distorcida.
Na imagem refletida no espelho, temos a imagem de uma mulher misteriosa, de aspecto assustador (causado pelos tons escuros de roxo e preto). A cor vermelha em sua fronte passa a sensação de alguém movido pela ira e a lágrima que escorre em sua face não é de tristeza ou melancolia, mas de ira.
A ideia principal da obra, diz respeito ao verniz social muitas vezes utilizado para esconder nossas frustrações e anseios, e passar a imagem de que somos pessoas felizes e satisfeitas com a vida que levamos.
Os braços estão entrelaçados entre a mulher e sua imagem, como se ambas se confortassem. Os corpos deformados e desproporcionais mostram que a personagem perdeu sua jovialidade, a sua beleza física.
O poeta francês Jacques Rigaut disse: “Não esqueça que não posso ver a mim mesmo. Meu papel é limitado a ser aquele que olha no espelho.” Como se trata de uma obra simbólica, a análise pode ser levada para o campo psicológico. A mulher que olha para o espelho vê outra pessoa que não ela mesma e tenta consolá-la, embora na sua própria face essa amargura esteja bem evidente.
O arquétipo do espelho sempre esteve presente na arte, seja na Grécia Antiga, no mito de Narciso, ou na Idade Média onde a Igreja Católica alertava contra os malefícios de seu uso, pois o espelho estava intimamente ligado ao pecado da vaidade. Nessa obra, Picasso faz sua leitura particular sobre o espelho, nos lembrando de que muitas vezes a imagem que tentamos mostrar para os outros, nem sempre corresponde à nossa própria imagem.
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