Convenhamos, a nossa luta contra as listas de leituras já está perdida. É uma batalha que já nasceu com a derrota previamente decretada. Não há como vencer. Simples assim.
A angústia gerada pela constatação de tal fato assola o espírito de todo bom leitor. Para se evitar o tormento gerado pelo reconhecimento da impossibilidade de se completar a lista, resta tão somente a ilusão de se viver com a esperança de que um dia a lista será finalizada.
Todos nós, leitores, possuímos uma lista de leituras, a qual existe no plano concreto ou no plano abstrato – ou ainda em ambos. Nela constam nomes de livros que pretendemos ler. Alguns deles já possuímos em nossa estante, seja física ou virtual, de modo que basta chegar o momento oportuno para que aquele determinado livro seja retirado de seu lugar na estante e venha a ser lido. Há também aqueles livros que almejamos ter, objetivando que sejam lidos tão logo possamos comprá-los ou emprestá-los de alguém. Assim, a coisa toda parece muito simples: em algum momento chegará o tempo em que aquele livro finalmente estará sendo lido em nossas mãos. Com a leitura concluída, risca-se aquele nome da lista. Basta prosseguir de tal modo que uma hora a lista acaba, quando finalmente poderemos nos deleitar no êxtase de ter concluído a lista de leituras.
Poderia ser fácil assim, mas sabemos que não é.
O problema é que o aumento dessa lista é gradativo. Na verdade, o principal problema é o próprio aumento da lista. Não nos damos por satisfeitos em ter um rol estável dos próximos livros que intencionamos ler. Muito pelo contrário. Costumamos reiteradamente incluir cada vez mais nomes de obras em nossa lista, aumentando assim a quantidade de livros que futuramente se pretende ler. A coisa acaba se tornando impraticável, pois mediante o exercício de um raciocínio simples, concluímos que mesmo contando, da maneira mais otimista possível, com uma determinada pretendida expectativa de vida, não teremos tempo de concluir a nossa lista.
Daremos o último suspiro sem que a lista tenha sido concluída.
Triste, melancólico, dolorido e desolador. Mas é um fato, uma verdade, que nos assombra enquanto leitores.
Não há como frear o ímpeto em querer, cada vez mais, incluir novos livros em nossa lista. Pode ser aquela obra que um amigo indicou, aquele livro que o professor sugeriu para os que quisessem se aprofundar no tema da aula, aquele romance que se teve conhecimento através de uma atrativa resenha, aquele clássico que merece ser lido, aquele lançamento fantástico, enfim, seja como for a forma pela qual o leitor se deu pela necessidade de incluir um novo livro da lista, sempre estará presente o fenômeno da inclusão de novos nomes na lista.
As listas de leituras acabam assim sendo intermináveis. Sabemos que dificilmente conseguiremos ler sequer a lista atual, que já é bastante grande, porém, nem mesmo isso nos impede de continuar acrescentando mais e mais nomes no rol, conforme segue o incessante contato que o leitor diariamente acaba tendo com diversos títulos.
A aflição que toma conta do nosso espírito, naqueles momentos de nossas vidas em que nos pegamos refletindo sobre isso, só pode ser afastada pelo prazer que nos inunda ao incluirmos novos nomes na lista.
E você, como vai a sua lista?
Fonte da imagem:
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interminável
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