Com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição reúne cerca de 20 fotografias da artista paulistana, registros poéticos do Brasil e da América Latina
Em busca de novos olhares, Juliana Lewkowicz viaja para diversos destinos, registrando as paisagens e sensações que encontra em seu caminho. A artista, entretanto, não tem a preocupação de figurar o real. Seus cliques visam transportar o interlocutor para um universo lúdico e impregnado de lirismo. É o que acontece em A Perenidade das Bolhas de Sabão, sua primeira individual, que a ArtEEdições Galeria recebe a partir de 1º de março.
Com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição apresenta ao público cerca de 20 fotografias, que juntas compõem uma visão bastante particular de diversas regiões do Brasil e da América Latina. “Uma história pode ser contada de várias formas, por diversos pontos de vista – e é justamente aí que está a magia da fotografia. Quando fotografo, tento não só descobrir qual o melhor ângulo para exprimir determinado ponto de vista, mas interfiro diretamente na realidade que tenho sob meus olhos”, afirma a artista.
Em seus trabalhos, Juliana faz uso de bolhas de sabão, espelhos e outros elementos pouco usuais, em um exercício constante de poetização do mundo que a rodeia. “As delicadas composições de Juliana nos oferecem mais do que imagens sobre a natureza do mundo. Essas séries conjugam entre si uma trama poética que interpelam o nosso olhar por meio de anteparos que se colocam entre nós e a paisagem”, afirma o curador.
Evocando memórias de infâncias, as bolhas de sabão emergem em locais distintos como o Deserto do Atacama, no Chile, e a Praia de Laranjeiras, em Paraty (RJ). Sua superfície aquosa oferece uma visão distorcida do local, em um efeito de ótica que logo se dissipa.
Ao optar por esses artifícios, a artista também discute a própria natureza efêmera da fotografia. “Para onde vão as bolhas de sabão após desaparecem da nossa visão? A fotografia, essa invenção que o homem criou para aplacar sua angústia diante do fluxo incontornável do tempo, surge aqui para tentar interromper esse processo e tornar perene a existência de algo que tem na fragilidade e volatilidade seu encanto”, reitera Chiodetto.
Outro elemento do cotidiano, o espelho, também aparece nos registros da Praia de Taguaiba, no Guarujá (SP). As obras brincam com a ideia de ponto de vista, permitindo ao observador acessar outras perspectivas da praia, que escapam do campo de visão da artista. O espelho mostra o avesso da imagem, “desnudando o jogo de aparências da representação fotográfica”, como pontua Chiodetto.
O ideal de uma representação naturalista também é questionado pela artista em suas próprias escolhas técnicas. Nas fotos produzidas em Fernando de Noronha (PE), por exemplo, Juliana deixa os raios solares incidirem diretamente sobre a lente da câmera, efeito desaconselhado nos manuais de fotografia. Já nos registros de Alta Floresta (MT), por sua vez, ela converte a câmera para o infravermelho, criando imagens que parecem emergir de um livro de ilustrações.
Em todas suas obras, a natureza, com suas rápidas transformações, é a protagonista. Porém, as poucas figuras humanas retratadas revelam bastante sobre a produção da artista. De maneira sutil, quase como se fossem parte do cenário, suas filhas aparecem em algumas fotos. A presença infantil reitera o universo de fantasia criado por Juliana em seus trabalhos e novamente remete à ideia de efemeridade, tão cara à artista, de um tempo lúdico e leve, que passa e não volta mais.
Sobre a artista
Formada em administração pela Fundação Alvares Penteado, Juliana Lewkowicz começou sua carreira como designer. Desde 2009, deu vazão a sua paixão de infância e começou a estudar fotografia. Frequentou a Escola Panamericana de Arte e se formou no curso de Fotografia da Escola São Paulo, em 2014. No mesmo ano, exibiu algumas de suas fotografias no Espaço Produtoras Associados. Também participou da coletiva FOTO/ FORMATO, na Galeria Pintura Brasileira, e da 48ª edição da Anual de Arte FAAP – instituição onde é pós-graduanda.
Sobre o curador
Mestre em Comunicação e Artes pela ECA/USP, Eder Chiodetto é curador especializado em fotografia, tendo realizado mais de 70 mostras no Brasil no exterior. Entre seus trabalhos, destacam-se exposições como Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Sesc Belenzinho, 2011), O Elogio da Vertigem: Coleção Itaú de Fotografia Brasileira (Maison Europeénne de la Photographie, Paris, 2012),Mytologies (Shisheido Galery, Tóqui, 2012) e Poder Provisório (MAM-SP, 2014).
Serviço:
A Perenidade das Bolhas de Sabão
Local: ArtEEdições Galeria
Endereço: Rua Estados Unidos, 1162 – Jardins, São Paulo
Tel:(11) 3031-0142
Abertura: 1º de março, quinta-feira, a partir das 19h
Período expositivo: de 2 de março a 30 de março
Horário de Funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado somente com agendamento prévio
Entrada gratuita
Mais informações: http://www.arteedicoes.com.br