Crescer em meio aos livros

Felizes aqueles que crescem em meio aos livros, que desde pequeno contam com o incentivo à leitura dos pais, dos avós, dos irmãos, dos tios, dos primos, dos professores, dos colegas, das pessoas próximas, que são inseridos desde cedo no hábito de ler, que possuem exemplos a seguir nesse sentido, que tomam gosto pela coisa já em casa, que recebem livros como presente desde quando crianças. Felizes são, felizes sejam.

Na ocasião do lançamento do seu livro “A Glória e seu Cortejo de Horrores” numa livraria em Curitiba, Fernanda Torres, em conversa com o público, narrou como foi sua experiência em crescer no meio artístico. Mencionou lembrar que seus pais ensaiavam as peças de Nelson Rodrigues e outros dramaturgos, por exemplo, na sala, na cozinha, ou em qualquer outro lugar da casa. Assim como a atuação fez parte já da sua infância, os livros também sempre estiveram presentes. Disse a escritora que na casa em que vivia existiam vários livros. Muitos. Em algumas ocasiões, acontecia de na família faltar dinheiro para comida, mas os livros estavam sempre lá!

O que busco aqui destacar, tomando como exemplo as lembranças compartilhadas por Fernanda Torres, é o aspecto marcante que o “crescer com os livros” deixa nas pessoas. É algo que toca, que influencia positivamente, que resulta em benesses. É de todo salutar que se nasça e viva em meio aos livros.

Não tive essa sorte. Meus pais nunca foram muito da leitura. Famílias diferentes possuem aspectos diferentes – e isso ocorre nos mais diversos níveis e formas. Passei minha infância e parte da adolescência em meio ao teatro. Tive contato com os palcos desde cedo – e isso veio de casa. Mas a leitura não. Ou não completamente, já que devo reconhecer que talvez tenha sido minha avó materna que, despretensiosamente, acabou por me apresentar ao mundo dos livros e despertar minha paixão pela leitura. Ainda criança, minha avó me apresentou alguns livros que tinha da série Vaga-Lume. “A Turma da Rua Quinze”, “A Ilha Perdida” e “O Rapto do Garoto de Ouro” estavam entre eles. Pronto. Este foi um primeiro passo para uma então iniciada imersão na literatura.

Admiro aqueles que adquiriam o hábito de leitura dentro de casa, bem como, principalmente, os responsáveis por passar esse hábito adiante no ambiente caseiro. Pais que incentivam os filhos, irmãos que incentivam irmãos, tios que incentivam sobrinhos, avós que incentivam netos, enfim, toda influência positiva no cenário doméstico é salutar para aquele que recebe o incentivo literário.

Ler é prazeroso. Quem possui o hábito, sabe muito bem disso. Claro que eventualmente enfrentamos leituras pesadas, complexas, quando não chatas. Isso faz parte da leitura como um todo, principalmente quando se leva em conta que, por diversas motivações possíveis, nem sempre lemos somente aquilo que queremos. De todo modo, é sempre possível extrair algo proveitoso desse processo de leitura – seja qual for a obra lida. Para aqueles que possuem o costume já de berço, isso soa óbvio, pois habituados com a leitura desde sempre. Porém, muitos acabam lidando com a leitura somente num momento tardio, resultando assim, na maioria das vezes em que isso ocorre, num descontentamento do leitor em potencial. Desta forma, a leitura é vista como um fardo, como uma obrigação, como um mero obstáculo a ser cumprido para que se chegue a algum objetivo determinado. Arrisco dizer que é o que acontece na maior parte das vezes, sendo uma das razões pelas quais não temos um número mais significativo de leitores assíduos que devoram obras literárias.

No caso daquela pessoa que já cresce em meio aos livros, o ato da leitura é algo que faz parte do seu cotidiano, ou seja, não encontrará maiores dificuldades quando se deparar com as leituras necessárias para a vida (sua formação, por exemplo). Tem como adotado o costume de sempre ter um livro por perto, de sempre estar com alguma leitura em andamento, de sempre querer avançar para uma próxima obra. Os livros constituem uma parte do todo que é a sua vida.

Eis a importância de crescer em meio aos livros. A cultura literária é algo que se cultiva desde cedo. O hábito faz com que se tome gosto pela leitura. Adquirir esse costume é ainda mais prazeroso na infância – tanto pelo lado de quem assim ensina, como pelo lado do pequeno que se maravilha com o universo literário que é repleto de curiosidades a serem descobertas.

Promovamos essa cultura. Incentivemos nossos pequenos a lerem desde cedo. O hábito da leitura se desenvolve em casa.

Feliz daquele que é criado em meio aos livros!


Fonte da imagem:

http://i1.wp.com/www.depoisdosquinze.com/wp-content/uploads/2015/07/livros-ferias.jpg?resize=700%2C465

 

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4 comentários sobre “Crescer em meio aos livros

  1. …”Promovamos essa cultura. Incentivemos nossos pequenos a lerem desde cedo. O hábito da leitura se desenvolve em casa.Feliz daquele que é criado em meio aos livros!”
    QUE MÁXIMO….AMEI!

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  2. Feliz e aquele que é criado em meio aos livros! Espero do fundo do coração que a próxima geração seja uma geração de leitores vorazes e que no futuro o Brasil possa ser referência no âmbito de literatura!
    Amei o texto! Vem conhecer nosso blog, tenho certeza que vai adorar!

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