Adriana Varejão, Azulejões, instalação com 100 telas de 100 x 100 cm, óleo e gesso sobre tela, 2000. Coleção particular.
Os azulejos são uma marca visual forte no trabalho de uma das mais famosas artistas brasileira contemporâneas. Adriana Varejão começou a usar essa imagem em seu trabalho a partir de uma viagem que fez a Ouro Preto e entrou em contato com a arte barroca do período colonial e a azulejaria portuguesa.
Na obra Azulejões, uma instalação composta de 100 telas de 100 x 100 cm cada uma, vista da maneira que foi exposta no CCBB Rio de Janeiro, em 2000, os azulejos são gigantes e formam um turbilhão azul que remete ao mar, exatamente o elemento de ligação entre o velho e o novo mundo, sendo a relação entre Brasil e Portugal no período colonial um elemento importante que permeia sua reflexão artística. Assim, a instalação é muito próxima daquela que faz parte da coleção permanente do Inhotim, Cecalanto Provoca Maremoto, de 2004-2008; o cecalanto sendo um peixe que existe desde a Pré-História e faz pensar em tempos imemoriais e a ideia de caos primitivo.
Adriana Varejão, Cecalanto Provoca Maremoto, instalação com 184 telas de 110 x 110 cm, óleo e gesso sobre tela, 2000. Conservada no Instituto Inhotim, Brumadinho-MG, Brasil.
O que vemos em Azulejões é justamente um caos de imagens, principalmente ondas, inspiradas de azulejos de fachadas pelo país, fotografados pela artista, e posteriormente desenhados e pintados por ela em telas com uma preparação prévia em gesso, que cria o efeito “craquelado” que imita a textura do azulejo. Inclusive, a textura é muito presente em seu trabalho, que, frequentemente, brinca com as fronteiras entre pintura e escultura.
É interessante notar que a composição foi pensada para que os diversos fragmentos não “se encaixassem” ou se completassem quanto ao seu desenho. A ideia é reproduzir o que a artista notou que aconteceu algumas vezes durante a restauração de uma parede de azulejos barroca: o azulejo quebrado sendo simplesmente substituído por um pedaço que não tem nada a pintura original.
Ainda, pode-se perceber que as formas sinuosas representadas nesses azulejões lembram a melodia, enquanto que os contornos das telas fazem alusão à pauta, sendo que a montagem das telas dessa maneira foi pensada para que os olhos sigam as curvas em um movimento quase musical.
Quando o espectador se depara com essa instalação de grandes dimensões, que brinca com a noção de arquitetura, como acontece com frequência no trabalho da artista, essa onda desordenada em azul nos engole, nos arrebata.
Bibliografia / Links:
Marcos Moraes, Adriana Varejão, São Paulo, Folha de São Paulo – Instituto Itaú Cultural, 2013.
“Adriana Varejão expõe no CCBB” in Estadão, [Online]. Consultado em 17/06/2019.
https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,adriana-varejao-expoe-no-ccbb,20010204p8750
“Adriana Varejão” in Itaú Cultural, [Online]. Consultado em 17/06/2019.
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa17507/adriana-varejao
“Celacanto provoca maremoto” in Inhotim, [Online]. Consultado em 17/06/2019. https://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/celacanto-provoca-maremoto/
“Galeria Adriana Varejão” in Inhotim, [Online]. Consultado em 17/06/2019. https://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/galeria-adriana-varejao/
Fonte das imagens:
http://obviousmag.org/pintores-brasileiros/adriana_varejao/os-azulejos-de-adriana-varejao.html
https://pintores.folha.com.br/adriana_varejao-volume_05.html
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