
A dita Vênus de Willendorf é a mais famosa estatueta feminina Pré-Histórica e um dos achados arqueológicos mais importantes de todos os tempos. A figurina de calcário oolítico, de apenas 11 centímetros de altura, foi descoberta especificamente em 7 de agosto 1908 em uma escavação do Naturhistorisches Museum (Museu de História Natural) de Viena – onde a obra é conservada até hoje – em Willendorf, na região de Wachau, na Áustria, daí a segunda parte de seu nome. A título de curiosidade, na época houve bastante controvérsia sobre os estudiosos envolvidos na descoberta – o museu atualmente nos aponta os nomes do chefe da escavação, Josef Szombathy, curador do coleção Pré-Histórica do museu; dos arqueólogos Hugo Obermaier e Josef Bayer, especialistas no período; e do trabalhador Johann Veran, o primeiro a avistar o objeto.

A obra data de cerca de 29.500 a.C., correspondendo ao Paleolítico Superior, sendo o Paleolítico popularmente chamado de idade da pedra lascada. Nessa época, a produção de estatuetas de mulheres estilizadas era comum na Europa, apesar de haverem algumas diferenças estilísticas entre algumas regiões – algumas chegam a ser quase abstratas. A maioria delas são apelidadas de Vênus – Vênus sendo a correspondente romana de Afrodite, deusa grega do amor, da beleza, e, mais importante, nesse caso, da fertilidade – devido à interpretação de se tratassem de imagens de uma deusa primordial da fertilidade. Dessa maneira, podemos notar que a escultura nos mostra uma mulher robusta, com grandes seios, coxas e quadris. No passado, acreditava-se que mulheres com essas características fossem mais férteis e aptas a gerar bebês saudáveis. Também é importante lembrar que na época que a obra foi realizada, o planeta estava no final da última Era Glacial, e, portanto, era coberto por gelo e tundra, e os humanos do período eram principalmente caçadores, não havendo a grande disponibilidade e variedade de alimento que temos hoje. Assim, a representação de uma mulher muito bem alimentada também evoca a abundância de alimento e a fertilidade da natureza.

A maneira que a peça foi esculpida corrobora essa teoria, pois existe uma riqueza de detalhes em algumas partes do objeto, em detrimento de outras as quais o artista não deu tanto importância. Os cabelos, por exemplo, são bastante detalhados, assim como a vulva, que é claramente representada, enquanto que, o rosto não apresenta traços. Assim, a intenção era justamente representar uma figura não-individualizada, ou seja, uma ideia geral de fertilidade, como fica claro pelos seios, quadris e coxas fartos, e pela demarcação da vulva.

Por fim, é importante dizer que a figura toda havia sido coberta com giz vermelho, apesar de ser não ser tão fácil de perceber a olho nu, pois o pigmento quase desapareceu através do tempo. Acredita-se que a cor vermelha, que também recobria algumas outras imagens semelhantes do período, simbolizasse a vida, a morte e o renascimento.
Bibliografia / Links:
Andreas LOMMEL, O Mundo da Arte: A Arte Pré-Histórica e Primitiva, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1979. Trad. Álvaro Cabal, Áurea Weissenberg, Donaldson Garschagen, Henrique Benevides, Lélia Contijo Soares, Sílvia Jambeiro e Vera N. Pedroso.
« Vénus de Lespugne » in Musée de l’Homme, [Online]. Consultado em 06/04/2021. https://www.museedelhomme.fr/fr/musee/collections/venus-lespugue-3859
« Venus-Forschung » in Naturhistorisches Museum, [Online]. Consultado em 04/04/2021.
https://www.nhm-wien.ac.at/forschung/praehistorie/forschungen/venus-forschung
« Venus of Willendorf » in Naturhistorisches Museum, [Online]. Consultado em 04/04/2021.
https://www.nhm-wien.ac.at/presse/top10/venus_of_willendorf
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