
Eu sempre tento representar tudo o que eu gosto. Tudo mesmo. De todas as formas, mas sempre com um olhar mais feminino. Gosto muito de ter a mulher com o papel principal das minhas obras.
Hellen Vieira
Hellen Vieira é uma artista visual do interior do Paraná que tem como foco as áreas de artes plásticas e ilustração. É especialista em Cinema e Audiovisual e graduada em Artes Visuais. Atualmente tem sua produção maior com enfoque em ilustração, em grande parte por ser sua área de atuação enquanto artista independente ao trabalhar para marcas de slow fashion, start-ups de delivery, propriedade intelectual, moda praia e fitness, saúde da mulher e, principalmente, de cosméticos.
Sendo uma grande amante do cinema, recorrentemente o tema volta à tona em suas produções em ilustras das personagens em que ela se vê, representa e presta honras através de sua arte. Ela também compõe ilustrações que são como cenas, repletas de elementos da natureza em que flores, folhagens e frutas são protagonistas; entre cores que vibram e contrastes.
Como uma artista versátil, transita pela criação analógica e digital, explorando diversos materiais, tais como: tinta acrílica, óleo, aquarela, giz, canetinhas, lápis de cor. Curiosa nata, tudo é matéria para criar, especialmente o indivíduo e a natureza. Sua poética gira entorno da representatividade humana enquanto um ser volátil. Seus traços e cores expressam as nuances da emoção e personalidade do ser humano, tendo principalmente a mulher como protagonista de sua arte.

Abaixo, confira na íntegra a entrevista que fizemos com a artista:
- FALE UM POUCO SOBRE VOCÊ, SEUS GOSTOS, SUA INFÂNCIA E SOBRE COMO A ARTE FOI ENTRANDO EM SUA VIDA
Cresci gostando muito de moda e design, sempre me metia a procurar qualquer informação sobre esses dois assuntos, a arte apareceu na minha vida naquela parte em que a gente para e pensa “e agora? o que eu vou fazer?” Estudar artes foi o mais pertinente na vida de uma adolescente que se interessava por tudo que envolvia criatividade e não estava pronta pra descobrir o que iria fazer pelo resto da vida. No fim foi a escolha mais assertiva que pude fazer.
Comecei a ser artista em 2012, pode se considerar, comecei copiando ilustrações que gostava do tipo animação da Disney e personagens da banda Gorillaz. Copiar foi muito importante porque comecei a entender o que gostava e não gostava até desenvolver meu traço (mesmo que eu esteja sempre em desenvolvimento).

2. PORQUE VOCÊ COMEÇOU A FAZER OBRAS DE ARTE?
Entender que o que eu faço é obra de arte ainda é uma questão pessoal, comecei a criar porque não tinha como não fazer, sempre gostei de ilustrar tudo que via, seja rabiscos ou algo mais elaborado. Depois pude entender que eu faço para que os outros possam fazer também, não sou uma artista conhecida tampouco bem sucedida, mas recebo mensagens dizendo pra continuar fazendo o que faço, pessoas pedindo pra se inspirar, sempre me incentivando. Essas palavras me lembram e relembram o porque faço isso, e é realmente para incentivar os outros a fazerem.

3. FALE UM POUCO SOBRE A TÉCNICA DO SEU TRABALHO E SOBRE COMO SE DÁ, EM GERAL, O SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO
Atualmente estou muito focada em ilustração digital, então minhas ferramentas são basicamente 1 caneta, iPad e computador. Mas entre 2017 e 2018 usei muita tinta acrílica, giz oleoso, papel cartonado. Não que eu tenha deixado de usar esses materiais, só é menos frequente.
Meu processo criativo é bem confuso, mas com organização (kkkkk). Eu ilustro tudo que gosto, desde decoração a animais selvagens, mas sempre com a figura feminina retratada, gosto de aplicar cores fora das vistas como reais e desfigurar com traçados brancos. Tenho ideias em quaisquer momentos e uso muito o recurso de notas para não perder essas ideias.
4. QUAL SUA ÁREA DE FORMAÇÃO E O QUANTO ISSO INFLUI NA SUA PRODUÇÃO?
Sou formada em artes visuais e especialista em cinema e audiovisual, acho que já diz tudo né haha. Minha produção mais massificada aconteceu entre o final da graduação e começo da especialização, tudo que via dentro da academia me inspirava a criar, meus colegas de sala com seus diversos talentos também me despertavam essa vontade. Além das inúmeras leituras e desbravamento de novos artistas e diretores de cinema e arte.

5. QUAIS VOCÊ CONSIDERA SEREM OS MAIORES EMPECILHOS E VANTAGENS DE QUEM TRABALHA COM ARTE CONTEMPORÂNEA?
Acredito que a internet é uma grande barreira, apesar de abrir portas incríveis (ambíguo né?) mas tudo é muito rápido, as coisas são mais imediatas que o normal, sinto que sempre preciso me adaptar, literalmente a cada segundo. Mas a visibilidade que pode trazer é imensa além da grande quantidade de informações.
6. QUAL A RELAÇÃO ENTRE ARTE E VIDA PARA VOCÊ? EM QUE MEDIDA AMBAS SE CONVERGEM?
Para falar de arte não tem como não falar de vida. A arte é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da humanidade desde a era paleolítica, onde mesmo onde não havia a escrita eles já rabiscavam, sempre como uma forma de comunicar algo; e isso é presente na nossa vida até hoje. A arte ela tem essa função muito importante de mostrar os problemas e também qualidades de um tempo através da representação e com isso a gente consegue acompanhar e entender mais sobre a a nossa própria história. Eu sinto que ela converge com a vida quando o artista perde a noção de realidade/fantasia, no ato de criar. Basicamente é uma forma de representar o que eu sinto com um problema atual ou evolução dentro da minha vida; e colocar pra fora tudo o que eu sinto também, tudo o que eu vejo… Em uma linguagem visual.

7. O QUE VOCÊ PENSA SOBRE A NECESSIDADE DA ARTE, LEVANDO EM CONTA QUEM PRODUZ E QUEM SE APROPRIA/FRUI AS OBRAS?
Pensando no mundo em que vivemos hoje a arte é extremamente necessária pra gente comunicar formas variadas de existência. Porque a obra de arte, seja em formato visual, de música, escrita, ela traz esse sentimento de existência. Traz esse calor e às vezes até uma dor, nos lembrando que estamos vivos. Eu sempre pensei que a arte tem que ser o mais democrática possível, pois lembro que até o começo da minha adolescência eu pensava que obra de arte era coisa de outra sociedade, de gente chique… E aí depois de pensar e conhecer eu tive a percepção de que a arte pode sim e deve ser acessível, despertando vários sentimentos em todo mundo, desde a produção do artista até o espectador. Então a função principal no meu ponto de vista é relembrar que todo mundo pode sim produzir e/ou consumir. Porque a arte precisa ser mais acessível, dentro das escolas, dentro da própria internet, devendo também a internet e os conhecimentos serem mais acessíveis. Também penso muito em como o público pode “copiar” um artista, no sentido de que todo mundo pode ser referência de todo mundo e que não há mal em partilhar pra compartilhar mais e mais.

8. GOSTARIA DE ACRESCENTAR MAIS ALGUMA COISA? FIQUE À VONTADE!
Eu sempre tento representar tudo o que eu gosto. Tudo mesmo. De todas as formas, mas sempre com um olhar mais feminino. Gosto muito de ter a mulher com o papel principal das minhas obras. Penso também que por eu ser uma pessoa mais introvertida eu acabo me colocando muito como extrovertida nas minhas obras. Bom… Quando vou me expressar o negócio é punk. Sempre gostei de muita cor, olhos marcantes, boca grande, cabelo chamativo. Acho que é o contrário do que eu sinto como introvertida. E meu processo tá sempre em desenvolvimento, em diálogo com essas noções e sentimentos. Nunca sei o que vai vir, o que vai mudar ou mesmo permanecer… Tenho momentos de obsessão por alguma coisa em períodos longos mas também perco esse interesse facilmente quando encontro outra coisa que me desperta um interesse maior. É um processo intenso. No momento tenho tentado desenvolver coisas diferentes para o meu trabalho, além das ilustrações digitais, tenho materializado ele em objetos como canecas, camisetas, quebra-cabeças e futuramente pretendo também fazer lenços. Tô atrás agora de me desenvolver nessa parte, testar meus limites e ir além…

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