A Arte Abstrata, que é também chamada de Abstração, Abstracionismo ou ainda Arte Não-Figurativa, é uma das formas de arte mais incompreendidas, junto à Arte Conceitual e às novas técnicas artísticas surgidas ao longo do século XX. É importante saber, entretanto, que a passagem para a Abstração ocorreu de maneira gradativa, fruto de um longo processo iniciado ainda no século XIX. O início da Arte Abstrata “pura”, propriamente dito, ocorreu em vários locais e no trabalho de diversos artistas ao mesmo tempo, pois, como já foi dito, é fruto de um longo processo, e tais ideias e influências, estavam, como se diz em História da Arte, no ar dos tempos. Dessa maneira, não houve um artista que em dado momento surgiu repentinamente com a ideia e foi com certeza absoluta seu pioneiro.
Considera-se, entretanto, que a transição para a Abstração tenha ocorrido por volta de 1910. O russo Wassily Kandinsky foi considerado por muito tempo como o primeiro a ter realizado uma obra abstrata, mas é possível que sua aquarela que teria sido essa primeira pintura abstrata tenha sido datada como anterior ao momento no qual realmente foi criada. Recentemente, pesquisadores apontam o nome da sueca Hilma af Klint como a pioneira da Abstração, ainda na primeira década do século XX, com a criação de suas primeiras obras abstratas em 1906 ou 1907, que foram pouco expostas durante sua vida, e que, seguindo seu desejo, só foram mostradas algumas décadas após sua morte, permanecendo, assim, desconhecidas por muito tempo.



Mas, a verdade, é que, apesar das disputas entre historiadores, críticos e outros sobre o tema, não é realmente importante saber quem foi, de fato, a primeira pessoa a criar algo puramente abstrato, pois, como mencionado, tais ideais e influencias estavam no ar dos tempos, ou, como também se diz, no zeitgeist, espírito do tempo, em alemão.
Também, é essencial compreender o significado dos termos “Arte Abstrata”, “Abstração”, “Abstracionismo” e “Arte Não-Figurativa” – todos eles, inclusive, colocados aqui com letra maiúscula, assim como foi feito com os diversos movimentos e períodos abordados até então, somente para seu destaque por motivos didáticos, não havendo a obrigatoriedade de usá-los dessa maneira. Deve-se frisar, entretanto, que Arte Abstrata, Abstração, Abstracionismo e Arte Não-Figurativa não são nomes de movimentos artísticos, sendo uma tendência explorada por muitas correntes e estilos diferentes, em diversas épocas, alguns dos mais importantes sendo o Suprematismo, o Neoplasticismo, o Construtivismo e o Expressionismo Abstrato. Além disso, é importante notar que há outros movimentos nos quais criava-se tanto obras abstratas, quanto figurativas, por exemplo, o Expressionismo.




O termo “Arte Não-Figurativa” é, talvez, o que explica de maneira mais simples o propósito dessa forma de arte. Ou seja, cria-se obras – pinturas, esculturas, desenhos ou outras – que não contém figuras que fazem referência ao mundo real e à realidade tangível, por exemplo, uma paisagem, pessoas, objetos, animais. Entretanto, as criações abstratas podem conter formas geométricas, sendo a vertente que as contém chamada de Abstração Geométrica, em oposição à Abstração Lírica, que geralmente é composta de manchas, borrões e outros elementos não geométricos, e, frequentemente, possui uma forte veia expressiva e/ou contemplativa.






Já o termo “Abstração”, assim como “Arte Abstrata” ou “Abstracionismo”, provém do verbo “abstrair”, no sentido de tirar, pois, como já foi dito, a Abstração não foi repentina, mas sim fruto de um processo de distanciamento da representação da realidade já iniciado no século XIX. Ou seja, inicialmente, abstrai-se algo do mundo real e representa-o, mantendo algumas de suas características que o tornam reconhecível aos olhos do espectador, mas, com o tempo, até mesmo esses poucos traços reconhecíveis vão se apagando, dando lugar à obras completamente abstratas e desprovidas de elementos que fazem referência à realidade tangível. Inclusive, a tendência geométrica é ainda mais radical, apesar do que possa parecer à primeira vista, quanto à referência a elementos exteriores ao universo da obra. Assim, esses artistas consideravam que as pinturas abstratas que expressam emoções do artista, por exemplo, não se atém somente ao universo da pintura e não seriam, portanto, puramente abstratas. Então, para eles, as criações verdadeiramente abstratas devem conter somente elementos próprios a esse universo da arte, ou seja, cores, formas, linhas e pontos, sem referência alguma ao mundo exterior à obra. Alguns artistas, inclusive, consideravam o quadrado como a forma geométrica mais pura a ser usada nessas composições, pois não é possível encontrá-lo na natureza.



Por fim, é interessante saber que muitos dos abstracionistas das vanguardas do início do século XX consideravam que a Arte Abstrata era o ápice de toda a arte, e que esta nunca mais voltaria a ser figurativa. Criticava-se, inclusive, outros artistas por não terem feito a passagem total à Abstração, guardando elementos figurativos e referências ao mundo real em suas obras, por exemplo, os cubistas, que, apesar dessas críticas, foram muito importantes para a passagem à Abstração. Mas, como bem sabemos hoje, a Figuração ainda existe e provavelmente sempre existirá, sendo a Arte Abstrata uma dentre as muitas possibilidades dos artistas em nosso tempo.




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