Bruno Pedrosa: Abstração de cores, formas e linhas

Durante minhas aventuras florentinas, no coração da Toscana, na Itália, tive o privilégio de conhecer uma figura importante da arte brasileira internacional: Bruno Pedrosa.

O conheci durante sua exposição itinerante Presságios, dotada de um caráter quase biográfico, que se iniciou na região natal do artista para terminar naquela escolhida por ele para viver e criar. A mostra, sob a curadoria de Maurizio Vanni, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Lucca, teve início em Fortaleza na UNIFOR, passando em seguida pelo Lucca Center of Contemporary Art, pelo Museu do Ingá no Rio de Janeiro, em colaboração com a Universidade Federal Fluminense, pela Fundação Zappettini, em Milão, pela Galleria Tornabuoni, em Florença, e finalmente pelo Museu Cívico de Bassano del Grappa, cidade onde vive  o artista.

Bruno Pedrosa, nascido em 1950 como Raimundo Pinheiro Pedrosa XIV, provém de uma tradicionalíssima família de origem portuguesa do Nordeste brasileiro. Essa forte tradição familiar deixou traços irrevogáveis nas obras do artista, que no início de sua carreira eram figurativas, tornando-se definitivamente abstratas a partir dos anos 90, após sua vinda para a Itália. Durante o longo percurso de mais de 40 anos de carreira, sua arte passou por diversos períodos que são ligados aos respectivos acontecimentos de sua vida, explorando assim uma grande variedade de meios para expressar-se, cada técnica sendo adequada a representação de um tipo de emoção, seguindo assim os humores do artista. A pintura é ligada aos momentos felizes, a escultura ao desespero e o desenho aos momentos de introspecção.

O artista brasileiro já contemplou os espectadores do mundo da arte muitos de países, tendo inclusive uma de suas pinturas, o Retrato de João Paulo II, no Vaticano.

Pintando e desenhando desde muito cedo, sua carreira profissional tomou forma quando o jovem artista iniciou seus estudos em História da arte, Filosofia e Arqueologia, na renomada Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro. Nutrindo assim sua paixão pelas civilizações pré-colombianas, viajou pela América Latina, sendo esta uma grande fonte de inspiração para muitas de suas obras figurativas do período. Também vale lembrar que durante o tempo que passou na cidade maravilhosa, Bruno entrou em contato com grandes personagens da época, tais como Rachel de Queiroz, Burle Marx, Jorge Amado e Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo – MASP.

Além disso, os cinco anos que passou no Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro, a partir de 1976, foram muito enriquecedores para sua formação como artista. Foi exatamente neste momento que Raimundo Pinheiro Pedrosa XIV se tornou Bruno Pedrosa, nome dado a ele pelos monges em homenagem a São Bruno e Giordano Bruno. Nessa busca interior e exterior, o artista representou o mosteiro em uma série de desenhos que se tornou, sem seguida, um álbum. Na biblioteca monástica, trabalhou como bibliotecário e se empenhou na conservação dos livros através do laboratório de encadernação.  A vocação religiosa não tendo sido concretizada, o artista deixou o mosteiro e se casou com Elinor, em 1982.

Poucos anos depois se mudou para Nova Friburgo, em meio a um atelier cheio de verde, que teve importante influência em seu estilo, a partir daí muito mais voltado às cores, mas ainda assim em grande parte baseado no desenho.

Na etapa seguinte, em 1990, o artista foi para Busca, na Itália, para em seguida transferir-se a Bassano del Grappa, cidade próxima à Veneza onde vive até hoje. Esse período correspondendo à evolução definitiva em direção à abstração.

Em suas obras abstratas, o espectador pensará ver pinturas e esculturas coloridas, mas estará na verdade experimentando a sensação de entrar na mente de um homem, de conhecer um universo colorido e intenso através da contemplação.

Veja mais algumas de suas obras:


Ceia com amigos em Saint-Tropez


Dias verdes nas florestas e dias azuis no mar


Voando livre


Saudades


Memória dos tempos


Totem


Leve como uma nuvem


A pradaria do sonho


Escute a música do silêncio

 

Texto publicado originalmente em minha antiga coluna mensal no Fashionatto by Literatortura

Um comentário sobre “Bruno Pedrosa: Abstração de cores, formas e linhas

  1. a sua pagina é fa ntastica 1aléénseensensm das obras para apreciar os seus comentarios sobre os artistas e as obras de arte alimenta o espirito. continue assim.parab

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