Nos tempos atuais quando tentamos abordar a política do ponto de vista da arte, cria-se uma ideia de que só é possível emitir opinião a respeito do tema se escolher um lado para defender. No entanto, se retomarmos momentos importantes da história da arte, veremos que grandes artistas, embora tivessem seus trabalhos comissionados pelo poder vigente, não deixaram de manifestar sua indignação em relação às injustiças praticadas por esse mesmo poder, como é o caso de Francisco Goya, Pablo Picasso, Debret, etc. Isso não anula o fato de que a mesma arte que serve como instrumento de resistência e revolução não sirva a interesses escusos, mas esta é outra história.
Guy Denning é, atualmente, um dos poucos artistas que não pode ter o seu trabalho categorizado em uma escola ou estilo definido. O artista não se prende à utilização dos mesmos materiais e técnicas, utilizando tinta, spray, estêncil, mesclando ao mesmo tempo imagens e textos, Denning constrói sua narrativa carregada de ódio, melancolia e faz questão de apresentar seus trabalhos sem nenhuma solenidade.
O que nos chama a atenção nesta obra em particular, é que Denning descontrói o próprio conceito de arte urbana ao levar esse tipo de trabalho para os cômodos de um apartamento de um prédio abandonado. Cobrindo as paredes com suas imagens carregadas de tristeza e desespero, o artista obriga o espectador a entrar em uma construção em ruínas, onde geralmente frequentam desabrigados e viciados e o envolve em um ambiente asfixiante, fazendo com o que o público perceba da carga emocional e imaterial de que seu trabalho é composto, não apenas pela sua produção, mas por toda a experiência de entrar no prédio, toda a tensão que envolve essa ação e que culmina em um ambiente que, embora belo, é ao mesmo tempo hostil. Essa característica marcante em sua produção é devida à sua experiência nos anos 80 com o movimento punk e com a New Wave. Não irei aprofundar essa passagem de sua vida agora, pois publicarei um artigo especial sobre o artista para o Artrianon.
Sendo hoje um dos artistas europeus de mais destaque, tendo obras suas em importantes instituições como as Universidades de Bristol e Galway, os Museus de Arte Contemporânea de Bolonha e Madri e sendo representado por várias galerias importantes, Guy Denning continua produzindo trabalhos cada vez mais pesados e significativos, mostrando que a arte ainda é esse instrumento de resistência e transformação social.
Fonte das imagens:
http://www.widewalls.ch/artist/guy-denning/
http://www.lilavert.com/blog_lilavert/emotion-by-guy-denning/
http://www.huffingtonpost.com/jaime-rojo-steven-harrington/la-tour-paris-13_b_4306128.html
SIM, GUY DENNING É UM ARTISTA, SUA ARTE É PESADA E RETRATA ‘A RUÍNA’ EM ESPECIAL, PROVOCADA PELO SER HUMANO. PENSO QUE ESSA ARTE FAZ PARTE DO SER HUMANO SOMBRIO, NEGATIVO, TREVOSO,. BEM VERDADE, QUE QUANDO HÁ BRILHO, LOGO APARECE QUEM QUER OBSCURECÊ-LO; ASSIM DIZ UM DITO POPULAR. ‘QUEM APARECE É ALVO DE PEDRADAS’. A ARTE QUE LABORA, REFLETE AS MISÉRIAS HUMANAS. OS ANOS 80 TRAZ NO SEU BOJO A LUTA DE CLASSES, ONDE SEMPRE, O MAIOR ENGOLE OU ESMAGA O MENOR. O MOVIMENTO PUNK, MOVIMENTO, MANIFESTAÇÕES,. SUA ARTE É UM GRITO DE REBELDIA. IMPORTANTE É TRADUZIR EM PALAVRAS, DIGAMOS BEM ENFÁTICAS O VALOR DE SUA OBRA QUE IMPERA UMA ASFIXIA INTOLERANTE..
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