A arte reage!

Em um Brasil onde o ódio, propagado assustadoramente pelas redes sociais, rola solto, quem paga o pato é a arte. Sim, meus queridos, porque arte e cultura não são só o que você gosta e considera digno desses nomes.

Desde a interrupção forçada da mostra Queermuseu, os conservadores, religiosos extremistas e políticos mal intencionados usam o sensacionalismo contra a arte contemporânea para ganhar adeptos, na maior parte das vezes completamente ignorantes do que realmente se passa, recebendo toda a informação passada por esses populistas simpáticos como verdade absoluta. A mesma exposição, que deveria passar pelo MAR – Museu de Arte do Rio, foi proibida pelo prefeito da cidade, bispo evangélico. Mas espere um momento. O estado não era laico? A performance La Bête, de Wagner Schwartz, no MAM foi taxada – sem nenhuma noção – de pedofilia. E a mostra do MASP A história da sexualidade, representada através de obras de diversas épocas, que deveria ser classificação livre, foi forçada a ter a classificação etária para maiores de 18 anos.

A exposição no MASP faz parte das reações dos intelectuais e agentes do meio das artes preocupados com a consequência de toda essa onda de conservadorismo, que quer criminalizar e banir qualquer arte que não represente adoráveis florzinhas cor-de-rosa. A representação do nu, ela mesma alegoria da pintura, que existe desde que o homem existe e sobreviveu até mesmo à Idade Média e à Santa Inquisição, corre o risco de desaparecer no Brasil. Logo, estaremos queimando obras que não se enquadrem em uma opinião engessada do que deve ser arte, tal qual os nazistas fizeram com obras de arte modernistas, por exemplo, pinturas de Picasso, consideradas por eles degeneradas. Uma das funções da arte é a de representar a realidade, ideias e correntes de pensamento, sendo assim, não esqueçamos, um importante documento histórico; além de propor a reflexão sobre uma gama infinita de assuntos, inclusive, os tabus. Uma população que não pensa e serve simplesmente como massa de manobra, é certamente mais interessante aos que não possuem nobres interesses na política e na indústria.

A campanha #342artes contra a censura e difamação surgiu na casa da produtora Paula Lavigne, articulando assim parte do movimento de reação. Artistas visuais, dentre eles Adriana Varejão, criadora de uma das obras mais polêmicas expostas na Queermuseu, atores globais, cantores e outras celebridades da cultura gravaram vídeos reagindo ao absurdo.

Não morreremos. E lutaremos. Afinal, já foi dito por aí que se não há cultura, não há pelo que lutar.

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