Guido di Petro, dito Fra Angelico, A Coroação da Virgem, tempera sobre madeira, 209 x 206 cm, 1430-1432. Conservada no Museu do Louvre, Paris, França.
A Coroação da Virgem, de Fra Angelico, é um dos destaques da pintura italiana renascentista na coleção do Museu do Louvre. A obra mostra a coroação da Virgem Maria, episódio que sucede a Assumpção da Virgem, quando esta sobe aos céus de corpo e alma. Essa história não consta na Bíblia, mas em outras fontes ditas apócrifas, tal como o best-seller literário do século XIII, Legenda áurea, de Tiago de Voragine.
O que vemos, então, é a Virgem sendo coroada por seu filho, o Cristo, em meio à corte celeste composta tanto de anjos, quanto de santos e outros bem-aventurados. Nove degraus de mármore separam o registro superior daquele logo abaixo, sendo o número nove repleto de significados divinos, dentre eles o número de esferas celestes. Alguns desses personagens que compõe a multidão são identificáveis, dentre eles, Maria Madalena com vestes vermelhas, cabelos longos soltos e um frasco na mão; Santa Agnes que abraça um cordeiro, São Luís da França com uma coroa com flores de lis, símbolo da monarquia francesa, da qual o santo provém; Santa Catarina de Alexandria segurando a roda de seu martírio, etc. Além disso, pode-se distinguir alguns santos dominicanos, reconhecíveis na composição graças às suas vestes brancas e pretas, típicas da ordem, dentre eles, São Domenico, seu fundador, com uma flor de lis na mão e uma estrela vermelha sobre sua cabeça; São Pedro Mártir com o crânio ensanguentado; e São Tomás de Aquino mostrando seus escritos.
Também podemos notar a banda inferior da obra os seguintes episódios da história de São Domenico: O Sonho de Inocente III, A Aparição de São Pedro e São Paulo a São Domenico, A Ressureição de Napoleone Orsini, O Cristo na Tumba, A Disputa de São Domenico e o Milagre do Livro, São Domenico e seus Companheiros Alimentados por Anjos e, por fim, A Morte de São Domenico.
Acredita-se que a pintura tenha sido encomendada pela família Gaddi para ornar um dos altares do mosteiro dominicano de Fiesole, próximo à Florença, onde nasceu o artista, e do qual, inclusive, ele se tornaria prior, o que explica a grande presença de santos dominicanos e as cenas da vida de São Domenico.
Quanto à composição, é possível notar seu caráter piramidal, que exalta a Virgem e seu filho no topo – o recorte do painel é original – e possibilita com que todos os personagens possam ser vistos, apesar de seu grande número. O uso da perspectiva linear caracteriza uma das inovações do Renascimento – o ponto de fuga converge logo acima do vaso de Maria Madalena – e as influências de outros artistas podem ser vistas em alguns detalhes, tal como a monumentalidade dos corpos, principalmente quando vistos de baixo, lembrando a obra de Masaccio que o artista viu em sua cidade natal, mas diferenciando-se dele por representar elementos da arquitetura gótica, ao invés daquela da época. Os rostos delicados lembram os de Gentile da Fabriano, seu mestre, e o colorido que será marcante em seu trabalho, foi inspirada de Lorenzo de Monaco.
Bibliografia e links:
Andrew Martindale, O mundo da arte. O Renascimento, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1979.
Cécile Maisonneuve, Dominique Thiébaut, “Le Couronnement de la Vierge” in Louvre, [Online]. Consultado em 29/07/2019.
https://www.louvre.fr/oeuvre-notices/le-couronnement-de-la-vierge
“Guido di Pietro dit Fra Angelico. Le Couronnement de la Vierge” in Cartel du Louvre, [Online]. Consultado em 29/07/2019.
http://cartelfr.louvre.fr/cartelfr/visite?srv=car_not_frame&idNotice=1197
Fonte das imagens:
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