A jovem fotógrafa Alessandra Rehder – que veremos que ultrapassa os limites da fotografia para criar obras que se aproximam da escultura e da instalação – possui várias séries que nos apresentam belíssimas imagens da natureza, nascidas de sua preocupação com o meio ambiente e sua destruição.

As obras de Form and Subtraction se completam em um jogo de ausência e presença. A artista fotografa a natureza em vários locais do mundo em suas viagens, e, em seguida, imprime a mesma imagem duas vezes, recortando as folhas e outros elementos de uma delas para fixá-los sobre a outra através de alfinetes, tornando a fotografia que era plana em uma obra tridimensional da série Form – Forma, em inglês. Esse trabalho minucioso e repleto de detalhes a serem apreciados, que demora dias a ser concluído, convida o espectador a olhar de perto a obra, e, assim, perceber que cada folha é única e, por consequência, lembrar-se da complexidade e da perfeição da natureza.

Ademais das imagens de folhagens iniciais, posteriormente a artista expandiu esse processo usando como base fotografias de suculentas e corais.


O que resta, ou seja, uma fotografia com folhas “faltando” se torna Subtraction, – literalmente, Subtração, em inglês – podendo ou não ser exposta lado a lado às obras de Form. Essas imagens podem ser entendidas como visuais do desmatamento e da destruição da natureza, as folhas faltantes representando o que já foi destruído, as árvores que não mais existem. Além disso, a artista tenta sempre reaproveitar ao máximo os materiais que utiliza, em coerência com suas preocupações com o meio ambiente que geraram esse trabalho que traz jardins verticais para os interiores das casas dos colecionadores e os lembra da importância da natureza.

Alessandra também usa os resquícios de material dessa série para criar a instalação Shards of Nature ou Fragmentos de Natureza. Nela, partes das fotografias de folhagens são colados em pedaços de vidro – reciclado, é claro –, que depois são espalhados pelo chão. O que vemos, então, é um oásis de natureza formado através de seus fragmentos aprisionados em estilhaços de vidro, material que é ao mesmo tempo frágil e perigoso, como a própria natureza. Lembremos que a noção de natureza bela, porém ameaçadora, e a pequenez do homem em relação a ela, nos remete a ideia do sublime, termo desenvolvido no século XVIII por Edmund Burke ao se referir à grandeza além de toda possibilidade de medida ou imitação, sendo amplamente usada principalmente na pintura desde então – pensemos nas paisagens de Turner ou de Friedrich.

As obras de Alessandra Rehder nos lembram exatamente isso, o quanto a natureza é maravilhosa em todos os seus pequenos detalhes e impossível de ser replicada. Vivemos em um planeta que é único, e, se o destruirmos, não poderemos reconstruí-lo ou “comprar” outro, como nos pontua a cantora norueguesa Aurora em sua canção The Seed.
Fontes:
Entrevista com a artista e releases de suas séries e exposições.
Fontes das imagens:
Acervo da artista.
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