Os nove círculos do inferno na Divina Comédia de Dante

O poeta italiano Dante Alighieri, mais conhecido como “o máximo poeta”, transformou a literatura de uma maneira jamais mirada, em uma época na qual somente textos em latim eram valorizados, com sua obra “La Divina Commedia”, ou “A Divina Comédia”, um poema composto de 100 cantos e 14.233 versos. No entanto, não existe um registro exato a respeito da data em que sua obra foi escrita, mas especula-se que tenha sido entre 1304 e 1321.

À época em que seu poema fora redigido, todos os poemas eram divididos entre comédias e tragédias. O nome hoje em dia conhecido, “La Divina Commedia”, deve-se em parte à Bocaccio, que introduziu “La Divina” ao título “Commedia”. A obra acabou por se tornar patrimônio mundial da literatura com seu cunho teológico e a fortuna de suas alegorias, sendo, assim, um dos alicerces da literatura língua italiana moderna.

“La Divina Commedia” traz a definição de inferno para o mundo ocidental, pois o próprio Alighieri teve de atravessar, em sonho, os três além-túmulos: O Inferno, O Purgatório, e O Paraíso, que compõe as três partes de seu poema. Assim, Dante iniciou sua jornada juntamente com Virgílio, poeta latino, descendo pelos nove círculos do inferno, onde cada um correspondia a um tipo de pecado, e quanto mais profundo o círculo, maior a intensidade dos pecados e de suas punições.

Assim, Dante e Virgílio devem adentrar pelos portões do Inferno. Quando da chegada dos pecadores ao local, estes devem se apresentar ao juiz do Inferno, Hades, para que recebam sua punição e descubram em qual dos círculos permanecerão por toda sua eternidade.

O primeiro círculo, “O Limbo”, é aquele que se destina para todas as almas sem batismo, sua punição é a eternidade sem a visão de Deus.

Em seguida, temos o segundo círculo, “Vale dos Ventos”, onde seriam realizados os julgamentos dos pecadores por Minos, para que fossem encaminhados para o círculo correspondente aos seus pecados praticados em Terra e recebessem suas devidas punições.

Já o terceiro círculo, “O Lago da Lama” era reservado aos que sucumbiram ao pecado da gula, ficando atolados em uma lama enodoa e densa debaixo de tempestades constantes, sozinhos, sem poder falar uns com os outros, já que em vida a alegria era pautada no conforto de comer além dos limites.

O quarto círculo, conhecido por “A Colina da Rocha” era aquele dos avarentos e pródigos. Aqui, as riquezas materiais vindas da vida terrena se transformariam em enormes barras de ouro, que uns deveriam empurrar contra os outros, em oposição à suas atitudes em Terra.

O quinto círculo, “O Rio Estige”, era o lugar dos que tivessem cometido o pecado da ira, e, aqui, a punição seria lutarem uns com os outros na margem do Rio Estige, com Lúcifer escondido abaixo da lama escura. Dante por sua vez, ao se deparar com um de seus maiores rivais políticos, deixa sua ira vir à tona, o que acaba marcando o início de sua transformação, pois ele buscava vingança pelo seu exílio em vida.

O sexto círculo, “O Cemitério de Fogo” era destinado aos hereges, dentre os quais aqueles que não reconheciam a existência de Deus. Os pecadores aqui encontrados eram confinados em túmulos abertos dos quais sai o fogo eterno, fazendo um paradigma com a punição dada pela Igreja Católica a eles: a fogueira.

O sétimo círculo “O Vale do Flegetante”, é designado aos violentos; no entanto, existem três formas de violência, ou seja, existem três vales, sendo eles, o primeiro para as almas que foram violentas com seu próximo, o segundo direcionado para os suicidas, e o terceiro, dirigido aos que praticaram a violência perante Deus. Neste círculo, os assassinos são imersos no sangue que derramaram em vida.

O oitavo círculo, “O MALLEBOGE”, é dividido em dez fossos nos quais, punem-se diversos pecadores: os simoníacos, os ladrões, os hipócritas, os corruptos, os rufiões, os sedutores, os lisonjeiros, os falsários e maus conselheiros, e aqueles que disseminaram a discórdia em vida. Os condenados deste círculo passarão o resto da eternidade tendo seus corpos roubados.

Por fim, chegamos ao último círculo do inferno, “O Lago Cócite”. É o abismo gelado de Lúcifer, no qual acontece a punição pelo pecado da traição, seja ela contra sua própria família ou a pátria. O ódio dos pecadores que aqui habitam é tão intenso, que uns alimentam-se dos cérebros dos outros. Provavelmente, uma referência do escritor à traição de seus conterrâneos florentinos à sua pátria, dado que na época de Dante e de seu exílio de Florença, a cidade era palco de lutas políticas pelo poder entre diversas facções.

Alighieri conseguiu se libertar de todos os pecados do Inferno. Ao final, Dante avistou Lúcifer e o descreveu como uma figura de três cabeças, suas asas batiam sem parar, era um lugar gélido, sem qualquer resquício de vida, que mostra o Inferno, propriamente dito, como um lugar opostamente diferente daquilo que se prega nas crenças populares.

Dante, por ter passado pelos nove círculos, deseja encontrar o caminho para Deus. No final da jornada, após também conhecer o Purgatório, um novo caminho o aguarda, para sua esperança, o Paraíso, completando assim, sua viagem pelos três além-túmulos e sua trajetória de purificação.

Referências: Dante Alighieri, A Divina Comédia, Landmark, 2012. Edição bilíngue Italiano/Português.

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9 comentários sobre “Os nove círculos do inferno na Divina Comédia de Dante

  1. Eu tive curiosidade de poder ler esta postagem, pois esteve a ver a serie as mentes criminosas num dos episodios o criminoso para seleccionar as suas vitimas se guiou aos noves circulos de inferno de Dante, e desta forma queria perceber um pouco esta obra. Mas gostei da tua postagem

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    1. Esta obra de ficção na realidade se e que ela existe não existe um lugar determinado como céu ou inferno os dois estão aqui no plano terreno céu e o lugar ocupado por ricos que tem tudo o inferno e o lugar dos miseráveis que nada tem

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