Johan Heinrich Füssli, O Pesadelo, óleo sobre tela, 101,6 x 126,7 cm, 1781. Conservado no Detroit Institute of Arts, Detroit, EUA.
A tela O Pesadelo, de 1781, foi apresentada pela primeira vez na Royal Academy de Londres em 1782. A obra fez tanto sucesso que o artista realizou diversas versões posteriores, além das gravuras, cópias e releituras de outros artistas até os dias atuais. Até mesmo Freud, para quem o sonho e o inconsciente eram temas importantes, possuía em seu escritório uma reprodução da obra, nos anos 1920.
Johan Heinrich Füssli, O Pesadelo, óleo sobre tela, 77 x 64 cm, 1790-91. Conservado na Goethe-Haus (Casa de Goethe), em Frankfurt, Alemanha.
Justin Hart, Homenagem a Fuseli: O Pesadelo, arte digital, 2012.
Tanto o tema, quanto a maneira que este é representado, são típicos do romantismo, período no qual o artista está inserido. A pintura mostra uma mulher dormindo em uma pose lânguida e dramática. Sentado em sua barriga, um monstro de orelhas pontudas, algo entre um demônio e um macaco, nos olha intensamente, e, aparecendo por detrás de uma cortina, um cavalo fantasmagórico com os olhos arregalados, talvez uma referência à Mar, a jumenta infernal do folclore franco-alemão – lembremos que o artista era de origem suíça. O fantástico, o misterioso e o melancólico, misturados ao dramático e ao sensual são característicos da época, tendo Füssli representado o sobrenatural obsessivamente em suas obras. Além da pose dramática da moça, a iluminação e o vermelho vivo da cortina e do tecido na cama contribuem para a dramaticidade da cena.
Apesar da vontade dos artistas da época de se distanciar da rigidez das composições neoclássicas, podemos ver aqui a influência da Antiguidade no drapeado das vestes da moça e na cabeça do cavalo, bastante próximo à um daqueles representados na escultura Os domadores de cavalos, cópia romana de um original grego, desde a Antiguidade no monte Quirinal, que o artista desenhou em sua estada em Roma.
É muito provável que o artista conhecesse os contos populares de mulheres adormecidas visitadas pelo diabo à noite, tendo relações sexuais com ele, mas lembrando-se somente de sonhos no dia seguinte. De qualquer maneira, o artista mostra através dos animais os aspectos temíveis dos pesadelos, em uma representação visual do que se passa no sonho da moça. Füssli provavelmente quis chocar e intrigar os espectadores, dado que o monstrinho sobre a barriga da moça nos olha fixamente, perturbando-nos.
Bibliografia:
Matilde BATTISTINI, Symboles et Allégories, Hazan, Paris, 2004. p. 232-237.
História ilustrada da arte: os principais movimentos e as obras mais importantes, São Paulo, Publifolha, 2016, p. 234-243.
Compre esse livro aqui.
“Füsslis Nachtmahr – Traum und Wahnsinn” in Frankfurter Goethe-Haus, [Online]. Consultado em 21/05/2018.
http://www.goethehaus-frankfurt.de/ausstellungen_veranstaltungen/ausstellungen/wechselausstellung/fusslis-nachtmahr-traum-und-wahnsinn
“The Nightmare, 1781” in Detroit Institute of Arts, [Online]. Consultado em 21/05/2018.
https://www.dia.org/art/collection/object/nightmare-45573
“The Nightmare: Fuseli and the Art of Horror” in Tate, [Online]. Consultado em 21/05/2018.
http://www.tate.org.uk/whats-on/tate-britain/exhibition/gothic-nightmares-fuseli-blake-and-romantic-imagination/gothic
Fontes das imagens:
fr.wikipedia.org/wiki/Le_Cauchemar_(F%C3%BCssli)#/media/File:John_Henry_Fuseli_-_The_Nightmare.JPG
http://jhartillustration.blogspot.com.br/2012/05/fuseli-homage_15.html