A arte no Brasil vem ganhando cada vez mais espaço, uma prova disso é a existência deste site, em que exploramos as mais diversas faces da arte, de maneira a levar a cultura para o maior número de leitores possíveis. Tudo isso aqui começou por iniciativa da artista Aline Pascholati, criadora e editora do Artrianon. Aline é diplomada em história da arte pela Université Paris 1 – Panthéon-Sorbonne (França) e se expressa como artista através da pintura, fotografia, vitral, instalação e vídeo arte. Já mostrou seu trabalho em sete países (Brasil, França, Itália, Eslovênia, Peru, Irã e Síria), com duas mostras individuais no Aeroporto Internacional de São Paulo e mostras de grupo tais como a Cow Parade, na França, e a exposição Dirittodell’Uomo na Fundação Kennedy, Itália. Desde 2011, escreve sobre arte e cultura para mídias digitais e impressas e também possui o Art Insider by Aline Pascholati, em que comenta e explica diversos temas relacionados à arte. Confira o canal clicando aqui e aprenda ainda mais sobre arte, além de conhecer diversas curiosidades da área.
Segue abaixo uma entrevista exclusiva realizada com Pascholati sobre como começou seu interesse pela arte, suas obras favoritas, sua escrita, e muito mais.
Quando que você começou a pintar/desenhar? Lembra da sua primeira obra?
Eu sempre desenhei – que criança não desenha, não é? – e minha mãe pintava, então acabei entrando em contato com a pintura muito cedo. Eu a via criando e tentava copiar algumas técnicas. As minhas duas primeiras telas são dessa época, eu tinha sete anos mais ou menos. Em uma delas eu pintei uma orquídea e uma rosa (na minha mente eram um casal perfeito, a orquídea, o homem, e a rosa, a mulher), e tentei imitar o fundo azul de uma das pinturas da minha mãe com um efeito de profundida bem complexo. É claro que o resultado não foi exatamente igual, mas para mim estava perfeito, rs. A outra tela é uma representação do universo com planetas de diversas formas geométricas. Veja só, eu estava quase na abstração geométrica, rs. Eu adorava ciências.
O que te levou a ter interesse em artes plásticas?
Acho que foi exatamente estar em meio à pintura e ter alguns livros de arte à disposição que me fizeram ter interesse pelas artes plásticas. Eu também era vizinha do artista plástico Camilo Riani, que era muito amigo de meus pais, o que certamente também teve alguma influência. O mundo da arte também parecia uma fuga do normal, do tedioso, era um caminho para uma vida fabulosa segundo minha visão adolescente.
Quem te influenciou a começar nas artes? E quem ainda te influencia nos dias de hoje?
A primeira influência foi definitivamente minha mãe. Hoje eu me sinto influenciada tanto pela arte medieval, período no qual me especializei na faculdade de história da arte, quanto por artistas modernos e contemporâneos. Gosto muito do expressionismo e do expressionismo abstrato, mas também admiro muito artistas que tratam dos temas ligados à morte, tais como Jan Fabre, Philippe Pasqua e DamienHirst.
Escultura de Jan Fabre (leia sobre essa obra aqui).
Que técnicas você usa? Quais gostaria de aprender?
Eu tento trabalhar com o maior número de técnicas possível, assim não me sinto limitada e posso usar a técnica que melhor se adapta à ideia do momento. Por enquanto trabalho com aquarela, pastel, óleo e acrílico para pintura, além de fotografia, vitral, vídeo arte e instalação. Eu gostaria muito de tentar algo no âmbito da escultura e da performance. Já até tive algumas ideias de performances, mas ainda não as realizei. O complicado são as esculturas, porque me sinto perdida com sua tridimensionalidade e as necessidades técnicas precisas para que a obra simplesmente não colapse. Escultura em mármore me atrai muito, mas sinto que é algo que eu aprenderia, mas não usaria muito por se tratar de algo bastante demorado – eu sou extremamente ansiosa, e obras que demandam semanas de atenção não são para mim.
Como define seu estilo de arte?
Não defino! Acho muito complicado definir o próprio estilo. Mas sei que tenho obras bastante expressivas e coloridas.
O que mais gostou de fazer como artista? Qual sua obra favorita das que produziu até hoje?
O meu caixão-obra de arte como visão otimista da morte, definitivamente. A oportunidade de pintar em um suporte tão incomum foi incrível e o tema da morte é um dos mais importantes para mim. Nessa obra, me inspirei do mito grego de Eros e Psiquê sobre a imortalidade da alma.
Metamorfose (leia sobre essa obra aqui).
E qual obra de arte em geral é a sua favorita?
Eu adoro as vaidades do Pasqua que representam caveiras com asas de borboletas e o crânio cravejado de diamantes do Damien Hirst, duas influências muito fortes em minha criação.
Vaidade de Philippe Pasqua (leia sobre essa obra aqui).
For the Love of God, de Damien Hirst (leia sobre essa obra aqui).
Quais os planos para o futuro? Há algum projeto que gostaria de produzir nos próximos anos?
No momento estou mergulhada de corpo e alma em minha escrita. Comecei a me dedicar a contos há pouco tempo e descobri todo um mundo de possibilidades e um talento que eu nem sabia que possuía. Um romance está vindo por aí e gostaria de encontrar uma maneira de mesclar a escrita e as artes visuais em algum projeto de poesia visual.
Como começou seu envolvimento com a escrita?
Quando era criança, eu escrevia histórias e fazia ilustrações em papel sulfite e grampeava tudo no formato de um livro – curiosamente, hoje ilustro livros com bastante frequência –, mas, depois de certa idade, abandonei totalmente esse hábito e nunca pensei que poderia me tornar escritora. Depois, na faculdade, comecei a escrever algumas coisas e tive ideia para um romance – que ainda pretendo escrever –, mas não conseguia levar adiante. Eu até queria ser escritora, mas achava que não conseguiria ser, que era só artista, e a escrita, talvez, quem sabe, surgiria um dia. Foi só recentemente que descobri que, na verdade, o que eu via como fragmentos de futuros romances eram contos. A Fernanda Mellvee, que considero minha mentora, foi essencial nessa trajetória, pois ela foi a primeira a me reconhecer como escritora e me estimula até hoje a escrever. Foi também dela o convite para participar da minha primeira antologia, a Cem/Sem Palavras, publicada pelo selo Class da editora Bestiário, no ano passado (2018).
Quais seus autores favoritos/maiores influências na área da escrita?
Não sei exatamente quem me influenciou, pois não sei bem explicar meu estilo e leio histórias e autores muito diferentes, desde clássicos e peças do Molière até comédia, literatura fantástica e tramas adolescentes de magia. Amo autores que tratam de questões existenciais e nesse sentido gosto muito de Dostoievski, e Frankenstein, da Mary Shelley, me impressionou muito! Curto bastante também alguns autores nacionais, como o fantástico Machado de Assis e o divertidíssimo Luís Fernando Veríssimo. E claro que adoro a escrita de vários de meus amigos que, inclusive, tenho a oportunidade de ler em primeira mão, como, por exemplo, a da Fernanda Mellvee, do Schleiden Nunes Pimenta e, é claro, a sua escrita, Amanda Leonardi, que conduz essa entrevista – pode parecer puxa-saquismo, mas juro que não é! Rs.
E dos seus escritos, qual seu favorito?
Adoro meus contos relacionados ao tema da morte. São escritos bem fortes e que mostram as diversas facetas do tema. Também estou amando uma história que estou escrevendo sobre irmãs bruxas muito divertidas! O interessante é que comecei sem nenhuma pretensão e agora não sei aonde isso tudo vai dar!
E só para finalizar, que dica você daria a artistas plásticos e escritores iniciantes?
Essa é uma pergunta difícil de responder, até porque na escrita sou quase um iniciante, rs. Acho que o mais importante é continuar criando, seja em qual área for, e criar algo que venha de dentro e não algo que você acha que vão gostar – já fiz muito isso e não levou a grande coisa. Saber se promover é muito importante também e é algo que tem que ser feito quase diariamente. Acredito que não existe nenhuma receita para o sucesso, mas a persistência acaba sempre levando a melhor – pelo menos, espero que sim, rs.