No início de 2019, perguntei aqui se as metas literárias para o ano já tinham sido feitas. Alguns leitores fazem, outros não – assim como há quem faça listas sobre o atingimento ou não das metas que foram estabelecidas para o ano. Como foi a sua relação com os livros em 2019?
Listas literárias podem ser feitas com o fito de acompanhar as próprias leituras, sejam projetivas, sejam retrospectivas. Esse acompanhamento pode ocorrer pelas mais variadas razões – sempre a depender da pretensão do leitor.
Traçar objetivos de leitura pode ser um exercício interessante. Não que números necessariamente signifiquem alguma coisa, mas eles também podem significar. Estabelecer que em 2020 você deverá ler pelo menos tantos livros, por exemplo, pode ensejar em um aperfeiçoamento na sua própria leitura. Não se trata de competir com outros como algo do tipo apostar quem lê mais, até mesmo pelo fato de que a comparação não diz muito. Trata-se de traçar um plano próprio, feito pelo leitor para o próprio leitor que cria a lista. Isso ou para que uma espécie de controle seja realizado com relação ao desenvolvimento das leituras que estão sendo feitas.
O fato é que não há regras, a não ser que estabelecidas e aceitas pelo leitor participante da empreitada formal de listar livros. É possível inclusive que ocorra uma competição sadia entre mais de um leitor. Não comprometendo a qualidade da leitura, não há problema algum em um grupo de leitores brincar com metas numerárias de livros a serem ou que foram lidos, relevando-se, em assim sendo, a questão da comparação aqui mencionada. A única regra que macula a questão da lista é tentar fazer com que uma lista em específico funcione como o único referencial a ser traçado por todo e qualquer leitor, não se levando assim em conta as diversas particularidades que cada pessoa possui.
Para alguns, um livro por mês é um número razoável, enquanto para outros esse mesmo número é insignificante. Isso vai depender de diversos fatores: hábito de leitura, tempo destinado aos livros, velocidade com a qual se lê, entre outros. O prejuízo existe quando se estabelece determinada meta inalcançável por não se levar em conta particularidades, ou quando, apenas para se ter quantidade, despreza-se a qualidade da leitura.
As listas literárias devem então assim surgir voluntariamente como uma necessidade no íntimo de cada leitor – o que pode ocorrer de forma espontânea ou através da sugestão de alguém. Uma lista só deve existir se ela fazer sentido para o leitor. Somente deve ser criada quando o leitor julgar por sua necessidade – seja qual for o motivo.
O leitor pode fazer uma lista que sirva como metas a serem cumpridas – e aqui as possibilidades são tamanhas. Nesse tipo de lista pode constar quantidade de livros a serem lidos, obras literárias determinadas, autores, gêneros literários e afins. Funciona como um rol de itens que, no decorrer de determinado período, deverão ser riscados como lidos. É um tipo de lista projetiva, portanto, que funciona como um desafio a ser respeitado e cumprido pelo leitor que a criou, o qual deverá conduzir com foco o seu trilhar literário.
Também pode o leitor fazer uma lista que funcione como uma espécie de retrospectiva literária. Não há aqui necessariamente uma meta a ser cumprida, pois os livros vão sendo colocados aos poucos na lista – que inicia “em branco” – na medida em que as leituras vão sendo realizadas. A cada livro lido, uma linha da lista é preenchida. Ao final de um determinado período, ao longo de um ano, por exemplo, o leitor pode conferir o que e o quanto leu naquele ano, tendo-se assim uma espécie de controle formal sobre o seu trilhar literário na qualidade de receptor das mensagens que todos aqueles livros carregam e transmitem.
Sou o tipo de leitor que faz listas posteriores à leitura. Não que eu não tenha determinadas metas, mas mantenho na penumbra, ao menos por ora, os meus costumes literários. Tenho um arquivo no computador onde listo todos os livros que leio durante cada ano. Na medida em que vou concluindo as obras que leio, registro o título do livro e o seu autor. Ao final de cada ano, tenho anotado todos os livros que li naquele período, tendo assim conhecimento da quantidade de obras lidas e quais foram essas. Em 2019, por exemplo, foram 64 livros lidos, figurando como sendo a primeira obra concluída “Decisão Judicial no Brasil: narratividade, normatividade e subjetividade”, de Paulo Ferrareze Filho, enquanto a última leitura que encerrou o ano foi “A Interpretação dos Sonhos”, de Sigmund Freud. É algo meu – que para mim faz sentido – que resulta numa forma de agradável controle sobre o ritmo de leitura e quais as obras lidas em cada ano, listas essas que eventualmente consulto numa espécie de nostalgia literária.
Assim as listas literárias podem ou não existir – cada um tem, ou não, a sua. Cabe ao leitor a opção de adoção de uma.
Que tipo de lista você faz?
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