OBRA DE ARTE DA SEMANA: Máscara funerária de Tutancâmon

   
Máscara funerária de Tutancâmon
, ouro, pedras semipreciosas e pasta de vidro colorido, 54 cm de altura, cerca de 1350 a. C. Conservada no Museu Egípcio, Cairo, Egito.

Tutancâmon ou Tutankhamon – “o que ama a imagem de Amon” -, inicialmente chamado de Tutankhaten, foi um faraó de menor importância da XVIII dinastia do Egito que tinha tudo para ser esquecido pela história. Seu pai, Amenófis IV ou Amenotepe IV, nas diferentes possíveis grafias, mudou seu nome para Aquenáton ou Akhenaton – “aquele que serve a Aton” – e tentou instaurar a religião monoteísta no Egito, venerando o deus Aton, em detrimento do politeísmo que era praticado até então. Assim, todos aqueles ligados ao faraó revolucionário quase foram apagados da história egípcia, e, mesmo Tutancâmon tendo restaurado o culto aos antigos deuses, seu nome teria tido pouca importância para a posteridade.

Entretanto, o que o fez se transformar em um faraó dos mais conhecidos em nossos dias foi a descoberta de sua tumba, em 1922, por Howard Carter. A tumba era pequena, pois provavelmente haveria tido um espaço maior reservado para abrigar o corpo de Tutancâmon, usurpado por um de seus sucessores depois de sua morte precoce e possivelmente incompleto quando o jovem faraó morreu aos 18 anos de idade, após cerca de dez anos de governo sob a influência do conselheiro real Ay, que o sucederia no trono. Entretanto, apesar do espaço menor do que o de costume para a tumba de um faraó e da decoração menos impressionante do que a encontrada em outras sepulturas, os seus tesouros foram encontrados praticamente intactos, tendo sobrevivido aos ladrões de túmulos, o que é muito raro. Os defuntos eram enterrados com uma multitude de objetos que precisariam na vida após a morte, desde roupas e joias até comida e bebida. Nessa tumba, foram encontrados cerca de 3500 artefatos que levaram dez anos para serem catalogados pelos arqueólogos.


Tumba de Tutancâmon

Uma das peças mais impressionantes desse tesouro é a máscara funerária de Tutancâmon – confeccionada em ouro maciço – que cobria a face de sua múmia e era coberta, sua vez, por três caixões e um sarcófago que abrigavam seu corpo. Pedras semipreciosas foram incrustradas para criar os detalhes de seus olhos e sobrancelhas, do colar e da serpente em sua coroa, além de pasta de vidro que imita lápis-lazúli no nemes.

Esses adornos são os típicos dos faraós: a mitra chamada de nemes, que fica em volta do rosto, com suas listras evoca os raios solares de Amon, o deus sol ao qual os faraós eram assimilados; a tiara com o uraeus – a serpente – e o abutre que indicam seu papel como o governante do Alto e do Baixo Egito; a barba cerimonial que atesta seu caráter divino; e, por fim, um colar de 12 voltas concêntricas.

O ouro é usado em abundância tanto na máscara quanto nos caixões do defunto – um deles de ouro maciço e dois outros de madeira recoberta uma fina camada de ouro – pois acreditava-se que os deuses eram dourados, sendo representados frequentemente em amarelo, em alusão ao ouro, em pinturas nas tumbas. Assim, a máscara duraria para sempre, como a alma do defunto, que poderia reconhecer seu corpo através do retrato estilizado do morto e voltar até ele, garantindo assim sua ressureição – as almas dos faraós viviam junto aos deuses após sua morte. Personagens menos importantes não tinham suas máscaras feitas de metal, mas sim de tecido coberto com gesso. Na parte de trás da máscara, vemos hieróglifos com um feitiço do Livro dos Mortos, reforçando assim a proteção ao defunto e sua ressureição.

Além de sua impressionante riqueza, a máscara também se tornou mundialmente conhecida graças à exposição sobre os tesouros do faraó que viajou o globo nos anos 60 e 70 e foi amplamente noticiada pela mídia.   

 

Referências:

Kristin BAIRD RATTINI, “Who was Tutankhamun” in National Geographic, [Online]. Consultado em 05/01/2021.
https://www.nationalgeographic.com/culture/people/reference/tutankhamun/

Mislav ČAVKA, Anja PETAROS, Igor URANIĆ, Mumije – Zanost i Mit / Mummies – Science & Myth, Zagreb, Archeological Museum in Zagreb, 2012

Peter F. DORMAN, “Tutankhamun” in Enciclopaedia Britannica, [Online]. Consultado em 05/01/2021.
https://www.britannica.com/biography/Tutankhamun

Alberto SILIOTTI, Antigo Egito, Barcelona, Folio, 2006, 196-201.

Paul S. WINGERT, “Mask – Funerary and Commemorative Uses” in Enciclopaedia Britannica, [Online]. Consultado em 05/01/2021.
https://www.britannica.com/art/mask-face-covering/Funerary-and-commemorative-uses

“Tomb of Tutankhamun” in Egyptian Ministry of Tourism and Antiquities, [Online]. Consultado em 05/01/2021.
https://egymonuments.gov.eg/en/monuments/tomb-of-tutankhamun

“Tutankhamun Death Mask” in King Tut Exhibition, [Online]. Consultado em 05/01/2021.
https://kingtutexhibition.com/news/tutankhamuns-death-mask/

 

Fontes das imagens:

By Tarekheikal – Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=62662593

By Tarekheikal – Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=80334409

By Roland Unger – Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=48168958

https://www.dw.com/pt-br/tumba-de-tutanc%C3%A2mon-%C3%A9-reaberta-ap%C3%B3s-uma-d%C3%A9cada-de-reparos/a-47321872

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