Enrique Dussel, filósofo argentino e crítico da pós-modernidade, já havia alertado em seus textos sobre os problemas do pensamento eurocêntrico que permeia a atualidade. Para o filósofo, os saberes locais europeus são vistos como universais e é a partir desse prisma que se constrói a ideia de que tudo que vem da Europa é melhor. A ciência desenvolvida pelos europeus é sempre a mais avançada, as cidades são as mais bem estruturadas, os povos são mais civilizados, a educação é a melhor possível. Afinal, todos estes parâmetros atendem a critérios ditos como universais e aplicados ao mundo todo. Com a cultura e as artes não é diferente. La Gioconda de Da Vinci é uma obra prima e Van Gogh é um gênio louco. Ambos são europeus e o Museu do Louvre (que fica na França, ou seja, na Europa) expõe grandes nomes da arte mundial, em sua grande maioria, europeus.
É com base nas críticas de Dussel que trouxemos a arte de Kátia Hushahu. Ela é uma artista que se destaca por fugir de padrões consagrados, como o do homem branco e europeu. Hushahu é mulher, índia e pajé de seu povo, os Ywanawá. Em suas obras, é possível ver o olhar feminino responsável por registrar as memórias culturais de seu povo. A sua produção artística é inspirada em experiências espirituais.
A seguir, podemos ver as pinturas de Hushahu, inspiradas nos sonhos impulsionados pela Rare Muka e pela ayahuaska. Seus trabalhos foram expostos na ¡Mira!, evento dedicado à arte contemporânea indígena no brasil. O projeto é de iniciativa do Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais e apresentou, além de Hushahu, mais de 75 artistas de 30 povos diferentes.



Você pode ver a exposição completa do ¡Mira! aqui.
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