OBRA DE ARTE DA SEMANA: A Grande esfinge de Tanis


Grande esfinge de Tanis
, granito rosa, 183×480 cm, Antigo Império, 2686-2160 A.C.

A Grande esfinge de Tanis desperta a atenção dos visitantes do Museu do Louvre por sua majestade e tamanho imponente – quase 5 metros de comprimento – ; tamanho este bem reduzido se comparado aquele da mais famosa esfinge de todas, a Grande esfinge de Gizé. O exemplar de Tanis destaca-se por ser a maior esfinge monolítica, ou seja, esculpida em um único bloco, exposta em um museu fora do Egito.

A obra foi encontrada em Tanis, a capital durante as XXI e XXII dinastias, nas ruínas do templo de Amon Rá, o deus sol, protetor do faraó e frequentemente identificado a este, em 1825, século de grandes explorações europeias em terras egípcias.

A iconografia da esfinge, misturando a força e o poder invencível do leão à majestade do rei, é intimamente ligada ao deus sol, que ilumina e dá vida ao mundo, sendo asisim uma imagem viva do próprio faraó. Esta surgiu de uma antiga tradição que via em um ser com corpo de leão e cabeça de falcão poderes espetaculares, como, por exemplo, o de destruir exércitos inimigos. Foi somente na IV dinastia (entre 2639 e 2504 A.C.) que a esfinge como nós conhecemos, com cabeça humana, começou a aparecer representando as dupla natureza do faraó, a divino e a humana.

Ainda ligado à imagem de Amon Rá, temos sobre a cabeça da figura, ladeando seu rosto, o nemes, que representa os raios solares nascentes através das listras que parecem sair do rosto do personagem. Trata-se do mais importante adorno usado pelos faraós, aparecendo, por esse motivo, na maioria das esfinges, por exemplo naquela de Gizé. Também podemos ver sua representação em objetos funerários e junto à múmias de reis, tal como na famosa máscara funerária de Tutancâmon. A imagem do diadema com a cobra, o chamado uraeus, se tornou parte do nemes durante a IV dinastia (2639-1504 A.C.).

Apesar dos esforços dos estudiosos para identificar a identidade do faraó representado no exemplo estudado e a época de seu reinado, a falta de semelhança do rosto com as imagens de reis conhecidas, assim como as diversas inscrições de nomes de reis e datas no corpo da estátua tornam o trabalho difícil. Temos os nomes de Amenemhat II (XII dinastia, 1976-1794 A.C.), Apopi (XV dinastia, 1648-1539 A.C.), Meren Ptah (XIX dinastia, 1306-1186 A.C.) e Sheshonq I (XXII dinastia, 945-722 A.C.). Essas inscrições são « usurpações » ; aquelas originais tendo sido marteladas. Inicialmente, sua realização era atribuída à Amenemhat II por tratar-se da inscrição mais antiga, quase apagada. Entretanto, atualmente os egiptólogos consideram que a estátua seja ainda mais antiga, do período do Antigo Império, graças às suas características estilísticas. Nesse caso, seria um raro exemplo de estátua real de uma época tão antiga que sobreviveu ao nosso tempo, pois, é preciso lembrar que, frequentemente, os materiais eram reutilizados. As opiniões seguem divergentes, alguns datanto a obra da XII, VI ou IV dinastia.

A popularidade das esfinges continuou nas épocas posteriores, sendo usada por imperadores romanos na decoração de seus palácios.

Bibliografia :

Bachechi L., E. Castellani, F. Curti, Les chefs d’oeuvres du Musée du Louvre, Paris, Éditions Place des Victoires, 2009, p. 30-33.

Michalowski K. et alii, L’art de l’Égypte, Paris, Citadelles et Mazenod, 1994.

Siliotti A., Grandes civilizações do passado – Antigo Egito, Barcelona, Folio, 2006.

Vercaulter J., L’Égypte ancienne, Paris, Presses universitaires de France, 2001.

http://www.louvre.fr/oeuvre-notices/grand-sphinx-de-tanis (Consultado em 16 de dezembro de 2009).

http://cartelfr.louvre.fr (Consultado em 31 de dezembo 2009).

Fonte das imagens:

upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Great_Sphinx_of_Tanis.jpg

en.wikipedia.org/wiki/Tutankhamun%27s_mask

*Sobre a coluna OBRA DE ARTE DA SEMANA: Aline Pascholati, Marina Franconeti e Wagner Galesco se alternam escrevendo sobre obras de arte de diversas épocas às terças-feiras.

 

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