Queria tanto ter tempo para ler…

Quem já ouviu (ou disse) dessa: “Eu não tenho tempo para ler”?

É uma das maiores desculpas prontas que se tem para afastar a culpa da não leitura.

O tempo é curto para todos nós, independentemente da posição (em qualquer escala) que ocupemos. Trabalho, estudo, afazeres domésticos, passar o tempo necessário com a família e com amigos, enfim, existe uma série de atividades das quais nos ocupamos, de modo que consequentemente acabamos preenchendo o nosso tempo com elas.

Mas e o tempo para a leitura, você separa?

Sempre digo que tempo é uma questão de escolha priorizada. Tempo no sentido de tê-lo. Há várias atividades que gostaríamos de fazer, mas não temos tempo para fazer todas. O problema da desculpa (que aqui se desconstrói) é que o “queria” está inserido na frase constituída. Na leitura, querer é poder. Basta querer, de fato, para que a leitura passe a ocupar um espaço do nosso tempo.

Gostaria de dizer que para os acadêmicos esse problema não existe, mas quem está (ou já esteve) no ambiente da academia, sabe que não é bem assim. Há o estudantes que não gostam de ler, e optam por levar os seus “estudos” sem que a leitura se faça presente como deveria. Os problemas envoltos nisso são diversos, mas a questão cultural (não se lê como deveria) e a falta de uma cobrança mais efetiva nesse sentido (por quem deve(ria) cobrar), são alguns dos pontos que poderiam explicar a questão. Enfim, o diálogo sobre essa problemática presente na academia vai longe, e não pretendo me alongar aqui, evitando assim fugir muito da abordagem proposta.

Digo aqui da literatura enquanto uma forma de manifestação da arte. Sobre a importância desse saber, já disse alguma coisa nessa coluna. Ela, a literatura, justifica-se por si mesma. A leitura, portanto, é importante.

Como alcançar os possíveis leitores, a fim de que se tornem, de fato, leitores?

Vejo que nesse ponto temos alguns níveis de “pretensos leitores”.

Há aqueles, por exemplo, que assumidamente repudiam a leitura. Dizem ter os seus motivos. Sobre esse nível, prefiro não comentar.

Há também o nível dos não leitores que possuem uma certa vontade de ler, mas utilizam a boa e velha desculpa da falta de tempo para justificar a não leitura. A franqueza aqui é necessária: isso não cola. Compromissos que ocupam o tempo todo, todos temos. Sempre é possível separar um tempo para que a leitura seja feita. E para isso não existem fórmulas prontas – vai de cada um (quando, onde, de que modo). Basta querer. E se é dito na desculpa do “não tenho tempo” o “queria ler”, basta querer de verdade, pois se a pretensão da leitura estiver realmente presente na pessoa, a leitura poderá ser posta em prática.

Gosto de utiliza sempre o “fenômeno Netflix” como exemplo para demonstrar que todos temos tempo. Isso porque muitas vezes aquele que “não tem tempo” é um viciado em Netflix. E isso não é ruim. Eu mesmo assisto assiduamente diversos filmes e séries. Mas o ponto é justamente esse: se a pessoa consegue disponibilizar um tempo do seu dia para “colocar as séries em dia”, é porque há um tempo sobrando em que optou por preenche-lo de determinada forma (no caso, assistindo Netflix). Eis a escolha priorizada de que falo. O tempo existe, mas o que se faz com ele é o que realmente importa. Trocar o tempo que seria preenchido assistindo um filme ou um episódio de uma série pela leitura, pode ser muito salutar. Eis o tempo que não existia mostrando sua face. Cumpre aproveitá-lo.

E de modo algum estou dizendo que as séries e filmes devem ser deixados de lado. Muito pelo contrário, pois são também uma forma de manifestação da arte. O problema é sempre o exagero. Aqui em casa, por exemplo, já tem uns bons anos que a televisão está conectada apenas no aparelho que transmite a Netflix. Não tenho cabo de antena algum. Meu aparelho televisor não sintoniza canal nenhum. O que eu assisto de “televisão” acaba sendo muito raramente, quando estou na casa de algum parente, ou num restaurante em que algum canal de televisão esteja sendo transmitido. Não me faz falta alguma. Aliás, para quem escreve, a ausência de televisão acaba sendo muitas vezes uma necessidade. Stephen King, em seu “Sobre a Escrita”, aconselha aqueles que pretendem escrever (ou que já escrevem) a queimarem os seus televisores. Eu já perco (muito) tempo o suficiente com o Facebook. Não preciso de mais um fator que acabaria roubando minha atenção e dedicação necessários para a escrita.

Mas voltemos e encerremos com os quase leitores. Para os que se situam nesse nível (“quase leitores, porém, sem tempo”), alguns poucos pontos necessários: separe um tempo do seu dia para praticar a leitura. Vale qualquer livro. A escolha é sua. Comece devagar, aos poucos. Combine consigo mesmo que só vai parar após ler durante tantos minutos ou após ter lido tantas páginas. A coisa flui. É natural. Toma-se gosto. E esse gosto se transforma numa salutar e gostosa necessidade da qual não há mais como se libertar. Vá. Enfrente. Aproveite!

Tempo todos temos. Basta priorizarmos de acordo com aquilo que realmente queremos. Quer ler e não tempo? Arranje tempo. Você o tem. Utilize-o.

Leiamos, leiamos e leiamos!


Fonte da imagem:

https://peregrinacultural.files.wordpress.com/2009/08/lendo-na-cama-9.jpg

 

 

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