Nam June Paik, Eletronic Superhighway: Continental U.S., Alaska and Hawaii, videoinstalação ou videoescultura em 51 canais, 1995. Conservada no Smithsonian American Art Museum, Washington, EUA.

O sul-coreano Nam June Paik foi um dos pioneiros da vídeo arte em uma época na qual os artistas se interessavam pelas novas tecnologias disponíveis que ofereciam toda uma nova perspectiva de criação. Nos anos 60, em uma época na qual a televisão havia se tornado popular e a Sony havia lançado a Portapak, a primeira filmadora portátil, o artista começou a criar usando esse meio e, posteriormente, início uma produção de esculturas compostas de televisões mostrando seu trabalho visual, como é o caso de Eletronic Superhighway, criada no final de sua vida, em 1995.

Aqui, vemos as televisões organizadas em uma forma que lembra o mapa dos Estados Unidos, país de adoção do artista desde 1964. Há 51 imagens mostradas mais de uma vez cada uma em 336 televisões de tamanhos diferentes. Cada vídeo é proveniente da mídia popular – televisão, cinema – e representa um estado americano, delineado fielmente por néons coloridos que mostram através das diferenças de cores as diferenças culturais de cada região. Claramente, as imagens mostradas se relacionam de alguma maneira com o estado que simboliza, criando assim um verdadeiro mapa cultural e histórico do país. Assim, o estado do Alabama mostra Martin Luther King Jr. lutando pelos direitos civis; o filme O Mágico de Oz é relacionado ao Kansas, local do qual provém a protagonista da história e no qual ela começa; e o Iowa é representado por imagens de batatas que são cultivadas no estado.

O título da obra Eletronic Superhighway está ligado ao fato de quando o artista chegou ao país, em 1964, as autoestradas – highways, em inglês – interestaduais haviam sido inauguradas há poucos anos nos Estados Unidos e ofereciam a possibilidade de desbravar o imenso país de um oceano a outro. Assim, os neons não somente delimitam os estados no mapa, mas também lembram os letreiros de motéis e lanchonetes encontrados nas beiras das estradas. No vídeo abaixo, podemos ver que o artista acelerou as imagens dos vídeos para que esses parecessem flashs vistos da janela de um automóvel em movimento. Paik apresenta, então, uma viagem pelo país possibilitada pela tecnologia através de seu entendimento de sua cultura e suas particularidades regionais.

https://www.youtube.com/watch?v=p16JxNV90SU

O nome do trabalho ainda possui ligação com o termo “information superhighway”, relativo à rede de informações mundial possibilitado pela tecnologia, inicialmente pelo telefone, televisão, etc., e posteriormente pela internet, a qual também é chamada exatamente de “information superhighway”. Já nos anos 70, Paik, que é creditado como tendo sido o primeiro a usar o termo, acreditava no potencial de pessoas de todo o mundo colaborarem através da tecnologia.

Bibliografia:

Denys RIOUT, Qu’est-ce que l’art moderne?, Paris, Gallimard, 2000.

Michael RUSH, New Media in Art, Londres, Thames & Hudson, 2005 p. 59-61.

Links:

Megan GAMBINO, “American Art Museum Acquires Work of Nam June Paik” in Smithsonian Mag, [Online]. Consultado em 20/11/2018.
https://www.smithsonianmag.com/smithsonian-institution/american-art-museum-acquires-work-of-nam-june-paik-50515891/

“Eletronic Superhighway: Continental U.S., Alaska and Hawaii” in Smithsonian American Art Museum, [Online]. Consultado em 20/11/2018.
https://americanart.si.edu/artwork/electronic-superhighway-continental-us-alaska-hawaii-71478

“Information Highway” in The Free Dictionary, [Online]. Consultado em 28/11/2018.
https://www.thefreedictionary.com/Information+highway

“Nam June Paik Creates a Cultural Map of the United States Using Neon and Video” in Arts Observer, [Online]. Consultado em 20/11/2018.
http://www.artsobserver.com/2012/02/08/nam-june-paik-creates-a-cultural-map-of-the-united-states-using-neon-and-video/